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Covid-19: Futebolistas necessitam de “três a quatro semanas” para competir - especialista

LUSA
16-04-2020 09:12h

As equipas de futebol profissional vão necessitar de “três a quatro semanas” de trabalho antes de um eventual regresso à competição, disse à Lusa um especialista, destacando as restrições que o confinamento provoca nos jogadores.

Em declarações à Lusa, João Paulo Costa, professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM), onde coordena o gabinete de futebol, explicou que é necessário prevenir eventuais lesões.

“Em função da longevidade, entre três a quatro semanas de novo período pré-competitivo, como readaptação e como prevenção de lesões no sentido da possível densidade de jogos que se possam vir a realizar”, afirmou.

O docente salientou que depois deste período de confinamento todos vão sentir “alterações no comportamento psicossocial”, o que vai obrigar a novas adaptações.

“Mais do que nunca, acredito que o trabalho será específico e coletivo, visando a recuperação das interações e sinergias, anteriormente existentes. Antes da pandemia os jogadores corriam por semana entre 35 a 50 quilómetros e passaram para poucos metros ou para alguns nas passadeiras ou bicicletas... não é o mesmo. Há que integrar o atleta no jogo coletivo, isto é, recuperar o jogador de futebol”, frisou.

Em relação às fobias que o confinamento provocado pela pandemia de covid-19 pode criar, João Paulo Costa reconheceu que vão existir e que é necessário “lidar com elas”, dando como exemplo um vídeo que assistiu nas redes sociais.

“Um vídeo muito positivo, sobre o contágio, o contágio do sorriso, no qual um senhor entra numa carruagem do metro com o seu Ipad e com os auriculares colocados e começa a rir do que estava a ver e o sorriso contagiou toda a carruagem”, destacou.

O antigo treinador do Recreativo Libolo, ao serviço do qual conquistou o título angolano em 2015, conta ainda com experiências como observador, coordenador de ‘scouting’, treinador adjunto e selecionar distrital, com passagens por Benfica e Sporting.

Sobre a questão psicossocial, João Paulo Costa admitiu que é mais difícil controlar à medida que o tempo passa, lembrando ainda o impacto de possíveis problemas financeiros na vida dos jogadores,

“Se antes já existiam clubes em incumprimento contratual, hoje com a impossibilidade de realizar as competições e, consequentemente, as transmissões televisivas, com as operadoras e os patrocinadores a suspenderam os pagamentos, vão existir consequências económico financeiras para os próprios clubes e em todos os agentes desportivos, incluindo os jogadores”, sublinhou.

Além disso, João Paulo Costa alertou para as consequências psicossociais.

“Nesta geração, por um motivo ou por outro, já todos ficámos em casa. Mas nunca tinha acontecido ficarem todos ao mesmo tempo. Não há conhecimentos sobre possíveis impactos, há projeções de possíveis impactos. Há suposições. Mas, mesmo ao nível do conhecimento científico, o contexto do presente é muito distinto do passado, mesmo do recente”, salientou.

Mesmo assim, o docente reconheceu que este confinamento acaba por ser atenuado com o recurso às novas tecnologias: “As pessoas, em casa, apesar de isoladas, continuam a contactar com o mundo, por vezes, até mais com o exterior das suas habitações, do que com o interior, atendendo à proliferação de meios e das redes sociais. É mais um desafio”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, levou a que, inicialmente alguns eventos desportivos foram disputados sem público, mas, depois, começaram a ser cancelados, adiados – nomeadamente os Jogos Olímpicos Tóquio2020, o Euro2020 e a Copa América – ou suspensos, nos casos dos campeonatos nacionais e internacionais de todas as modalidades.

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