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Presidente timorense condecora postumamente médico norte-americano

LUSA
16-04-2020 09:03h

O Presidente da República timorense condecorou hoje postumamente o médico norte-americano Dan Murphy, que morreu esta semana em Díli depois de 20 anos “dedicados aos mais vulneráveis no país”, com a Medalha da Ordem de Timor-Leste.

No decreto, publicado hoje em Jornal da República, Francisco Guterres Lu-Olo, recorda que Dan Murphy trabalhou em Timor-Leste desde 1998, deixando como legado a Clínica do Bairro Pité e uma história de apoio aos mais vulneráveis.

Para o Presidente, Dan Murphy foi muitas vezes o único apoio médico disponível para os timorenses, trabalhando com “grande dedicação” e o Estado e o país devem agora reconhecer com a condecoração.

Numa mensagem de condolência pela morte de Dan Murphy, o chefe de Estado manifesta “grande tristeza” e recorda o legado que fica em Timor-Leste, a sua clínica.

“Milhares de timorenses têm sido tratados na Clínica do Bairro Pité anualmente. Aos seus trabalhadores e colaboradores o Presidente da República expressa a sua gratidão e o seu sentimento de dor”, refere o texto.

“Apelo a que sejais dignos deste notável legado do Dr. Dan Murphy. Está nas vossas mãos e eu confio em vós”, sublinha.

Dan Murphy, que nasceu em Iowa, nos Estados Unidos da América, no dia 23 de setembro de 1944 foi desde sempre “um homem preocupado com a justiça social”, recorda Lu-Olo.

“A sua consciência forjou-se em plena guerra do Vietname tornando-se num objetor de consciência. Não tendo sido militar, acabou por fazer clínica médica junto de imigrantes e trabalhadores pobres, nos Estados Unidos da América”, nota.

Dan Murphy partiu com a família para Moçambique no final da década de 1970 e é aí “que toma contacto com o genocídio que estava a acontecer em Timor-Leste”.

“Assim, em 1998, vende tudo o que tem nos Estados Unidos e parte para Timor-Leste, com uma pequena mala, o seu inseparável estetoscópio e uma bola de basquetebol”, recorda.

Com um trabalho fulcral no apoio médico durante o ano violento de 1999, em que os timorenses escolheram a independência, Dan Murphy passou dois dos “piores anos da sua vida, com grande exposição ao sofrimento e de alto risco”.

“Quantas e quantas vidas foram salvas por este homem”, refere, recordando que Dan Murphy já tinha sido condecorado com a Medalha de Mérito de Timor-Leste, em maio de 2009 e, com o Prémio Sérgio Vieira de Mello, em dezembro de 2012.

Dan Murphy vai ser hoje sepultado em Díli.

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