Os médicos portugueses foram dos poucos entre os países da OCDE que tiveram uma redução da sua remuneração entre 2010 e 2017, enquanto os enfermeiros em Portugal são dos que menos recebem.
O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – OCDE sobre a Saúde, hoje divulgado, refere que a remuneração dos médicos entre os mais de 30 países analisados aumentou geralmente desde 2010.
Contudo, em Portugal os médicos registaram uma redução da sua remuneração entre 2010 e 2017, sendo menos 1,3% nos médicos generalistas e de menos 0,9% nos médicos especialistas, em termos médios anuais.
Também os enfermeiros em Portugal viram a sua situação remuneratória piorar entre 2010 e 2017. O ano em que a remuneração dos enfermeiros mais decaiu foi em 2012, tendo progressivamente melhorado até 2017, mas não atingindo sequer os valores de 2010.
Entre os mais de 30 países analisados pelo relatório “Health at a Glance”, da OCDE, Portugal surge como um dos sete países em que os enfermeiros recebem menores vencimentos, estando apenas à frente de países como a Lituânia, a Hungria ou a República Checa.
O documento da OCDE destaca que em Portugal, em Espanha ou na Grécia a remuneração dos enfermeiros “caiu após a crise económica de 2008-2009” devido a cortes na despesa pública, tendo apenas começado a recuperar lentamente nos anos mais recentes.
Mas na maioria dos países da OCDE os salários dos enfermeiros registaram melhorias desde 2010.
Em relação aos médicos, em que a remuneração aumentou também de modo genérico nos países da OCDE, o documento destaca a subida substancial registada na Hungria, como forma de reduzir a emigração de clínicos.
A remuneração dos médicos aumentou geralmente desde 2010, mas há diferenças entre os vários países. Para reduzir a emigração de médicos, a Hungria aumentou substancialmente a remuneração desde 2010, com aumentos na ordem dos 80% entre 2010 e 2017 nos clínicos gerais e com os especialistas a verem os vencimentos duplicados.
Esta medida teve um impacto na intenção de emigração dos médicos húngaros, que caiu 10% entre 2017 e 2018.