A Autoridade de Saúde Regional dos Açores considerou hoje que os cercos sanitários implementados em todos os concelhos da ilha de São Miguel, devido à pandemia da covid-19, se devem prolongar para além do período inicialmente previsto.
“Penso que será mais prudente prolongarmos mais algum tempo o período de quarentena, de confinamento obrigatório e dos cercos sanitários que estão neste momento em vigor na região”, avançou o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
O Governo Regional dos Açores determinou a implementação de cercos sanitários nos seis concelhos da ilha de São Miguel, a maior do arquipélago, limitando as deslocações entre eles, do dia 03 ao dia 17 de abril.
Na altura, o presidente do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, justificou a decisão com a existência de várias cadeias de transmissão local na ilha de São Miguel e com a necessidade de se travar uma possível transmissão comunitária.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de prolongamento do prazo inicial, a três dias de ele ser atingido, Tiago Lopes admitiu essa hipótese, lembrando que ainda existem cadeias de transmissão local ativas na ilha de São Miguel.
“Eu penso que devemos manter o nível de alerta que temos neste momento, atendendo a que as cadeias de transmissão não estão ainda totalmente fechadas. Ainda estamos a apurar alguns resultados”, afirmou.
Foram já confirmados 101 casos da covid-19 nos Açores, 87 dos quais estão ativos, depois de terem ocorrido 10 recuperações (cinco na Terceira, quatro em São Miguel e uma em São Jorge) e quatro mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos até ao momento (64), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).
A Autoridade de Saúde Regional identificou até ao momento sete cadeias de transmissão local, quatro das quais na ilha de São Miguel, sendo que uma delas passou a terciária, com focos no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, e no lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste.
Esta cadeia terciária será a única na região que não estará “confinada”, mas as autoridades de saúde ainda não identificaram a origem de uma das cadeias detetadas no concelho de Ponta Delgada.
Também ainda não foi detetada a origem da infeção de um cidadão sem-abrigo no concelho da Ribeira Grande (São Miguel).
“Ainda estamos também a proceder à recolha de amostras biológicas e às análises laboratoriais, sendo que, entretanto, identificámos cerca de uma centena de contactos próximos”, revelou Tiago Lopes.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Dos casos de infeção, cerca de 413.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos e 17.448 casos de infeção confirmados. Dos infetados, 1.227 estão internados, 218 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 347 doentes que já recuperaram.