A ‘chanceler’ alemã Angela Merkel classificou hoje o pacote de ajuda económica aprovado pelo Eurogrupo, com apoios para trabalhadores, empresas e Estados, como um “marco importante” para uma “resposta europeia conjunta” à pandemia covid-19.
“O acordo dos ministros das Finanças no âmbito do Eurogrupo é um marco importante na resposta europeia conjunta à pandemia”, refere Angela Merkel numa declaração publicada pelo seu porta-voz, Steffen Seibert, na rede social Twitter.
Reagindo horas depois de os ministros das Finanças europeus terem acordado um “pacote de dimensões sem precedentes” para fazer face à crise provocada pela pandemia da covid-19, que inclui “redes de segurança” para trabalhadores, empresas e Estados-membros e ascende a 500 mil milhões de euros, Angela Merkel defende que “todos os Estados-membros poderão agora reforçar a sua luta contra o desemprego”, uma das principais consequências económicas das restrições à vida pública e à atividade económica impostas em toda a Europa para travar a propagação do novo coronavírus.
Para Angela Merkel, urge agora que estes instrumentos entrem em vigor “o mais rapidamente possível”.
“Só juntos poderemos superar esta crise”, adianta a ‘chanceler’ alemã.
Numa ‘maratona’ negocial do Eurogrupo, que decorreu entre terça-feira e quinta-feira e alargada aos países que não fazem parte do espaço da moeda única, os responsáveis pelas Finanças comunitárias chegaram a acordo sobre um “pacote de dimensões sem precedentes” para fazer face à crise provocada pela pandemia da covid-19, que inclui “redes de segurança” para trabalhadores, empresas e Estados-membros e ascende a 500 mil milhões de euros.
Entre os instrumentos aprovados está a proposta apresentada em 02 de abril passado pela Comissão Europeia de um instrumento temporário, o “Sure”, que consistirá em empréstimos concedidos em condições favoráveis pela UE aos Estados-membros, até um total de 100 mil milhões de euros, com o objetivo de ajudar os Estados a salvaguardar postos de trabalho através de esquemas de emprego temporário.
Para as empresas, a solução acordada passa pelo envolvimento do Banco Europeu de Investimento (BEI), através de um fundo de garantia pan-europeu dotado de 25 mil milhões de euros, que permitirá mobilizar até 200 mil milhões de euros suplementares para as empresas em dificuldades, sobretudo pequenas e médias empresas.
Aprovadas foram também linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da zona euro, destinadas a cobrir custos direta ou indiretamente relacionados com a resposta a nível de cuidados de saúde, tratamento e prevenção da covid-19.
O Eurogrupo acordou, ainda, a criação de um fundo de recuperação após a crise gerada pela covid-19, mas pediu aos líderes europeus para decidirem “o financiamento mais apropriado”, se através da emissão de dívida ou de “formas alternativas”, o que estará em cima da mesa num Conselho Europeu realizado por videoconferência a 23 de abril.
Defendida por muitos, sobretudo no sul da Europa, a ideia de emissão de títulos de dívida conjunta – ‘eurobonds’, chamados atualmente de ‘coronabonds’ por visarem a crise provocada pelo coronavírus – continua a conhecer forte resistência por parte dos países que sempre se opuseram à mutualização da dívida, com a Holanda à cabeça.
Caberá agora aos líderes europeus, na cimeira de dia 23 de abril, acordar os detalhes deste fundo de recuperação, desde logo as fontes de financiamento, os aspetos jurídicos e ainda a sua relação com o orçamento europeu.
A pandemia do novo coronavírus já matou 96.340 pessoas em todo o mundo e infetou quase 1,6 milhões desde o seu aparecimento, em dezembro passado, na China.