O primeiro-ministro considerou hoje que retirar o estado de emergência devido à covid-19 seria dar “um sinal errado ao país”, e salientou que os dias em que a circulação está restrita, durante a Páscoa, “vão ser muitíssimo importantes”.
“Ainda não podemos começar a aliviar [as medidas de contenção], pelo contrário”, assinalou, em entrevista ao programa “Você na Tv”, na TVI, apontando que “este é o momento mais difícil” porque a fadiga vai sendo acumulada, mas é preciso não perder o foco.
Na ótica de António Costa, a “época da Páscoa é crítica” e os cinco dias em que a circulação entre concelhos está restrita (entre quinta-feira e segunda-feira) “vão ser muitíssimo importantes”, apesar de as pessoas estarem a respeitar "extraordinariamente estas medidas".
Mesmo assim, não se está ainda “a descer para o sopé" no que toca à curva de crescimento da pandemia, advertiu, escusando comprometer-se com um prazo para isso acontecer.
“O fundamental é sermos muito contidos, muito disciplinados”, afirmou, referindo que ficaria muito surpreendido se o Presidente da República não propusesse a renovação do estado de emergência, o que se confirmou pouco depois desta entrevista televisiva – em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou, ao início da tarde, que vai renovar o estado de emergência até 01 de maio.
Costa acredita que “seguramente vai surgir” uma nova vaga de covid-19 no inverno.
Instado a deixar uma mensagem aos portugueses, o primeiro-ministro pediu para que vivam esta Páscoa, "seguramente diferente, com o espírito de sempre, e que compreendam que a melhor forma de este ano" estarem juntos é estarem "afastados fisicamente uns dos outros".
"E se o fizermos bem, a próxima Páscoa vai se já seguramente diferente e a Páscoa do ano a seguir – até lá havemos de contar com vacina e com terapia – já será a Páscoa de sempre", estimou.
O chefe de Governo indicou igualmente que ainda não foi testado à doença provocada pelo novo coronavírus por não ter sintomas e não ter estado em contacto com pessoas de risco.
Afirmando que “é verdade” que faltam testes, António Costa justificou que essa carência acontece porque “não existem à escala global” testes suficientes para serem adquiridos pelos países, sendo que o mesmo acontece com as zaragatoas e os reagentes, por exemplo.
“Nada estava produzido à escala global para uma pandemia desta dimensão”, acrescentou, salientando que Portugal entrou na mesma “luta em que todo o mundo está para conseguir comprar” estes materiais.
Por isso, rejeitou “alimentar essa polémica entre aquilo que é essencial ter, o que é necessário ter e o que as pessoas julgam que têm de ter”.
Quanto aos ventiladores, os que estão a ser adquiridos vão “permitir duplicar” a capacidade atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sublinhou, admitindo, porém, que "se o crescimento tem sido exponencial é evidente que o SNS não teria tido capacidade de resposta".
Questionado sobre a forma como cumprimentou o ministro da Educação na quinta-feira, com um aperto de mão, António Costa admitiu que foi “uma falha”, mas considerou que isso demonstra que é humano.
Considerando que a honestidade “é fundamental”, o primeiro-ministro reiterou que os números da Direção-Geral da Saúde (DGS) “são oficiais, é a soma dos casos que cada médico diariamente regista e que a Direção-Geral da Saúde não inventa”.
Nestes dados, o fundamental é perceber “a tendência”, e os números de hoje demonstram que “a luz ainda não se vê ao fundo do túnel” e que é necessário “continuar determinados a cumprir com todo o rigor as medidas de contenção”.
Portugal regista 435 mortos associados à covid-19 e 15.472 infetados, indica o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia do novo coronavírus já matou 96.340 pessoas em todo o mundo e infetou quase 1,6 milhões em 193 países e territórios desde o início da pandemia, em dezembro passado, na China.