A diretora-geral da Saúde admitiu hoje que os dados mais recentes do número de novas infeções pelo novo coronavírus possam traduzir uma estabilização da curva epidemiológica, mas alertou que isso não pode justificar abrandamento das medidas.
Na conferência de imprensa diária sobre a pandemia da covid-19 em Portugal, Graça Freitas afirmou que últimos números permitem assumir alguma estabilidade nas curvas epidemiológicas real e projetada, aconselhando, no entanto, cautela na interpretação dos dados para que o abrandamento de algumas medidas não seja precipitado.
“Sabemos que se abrandarmos as medidas que estão a permitir esta estabilidade da curva, a curva poderá voltar a subir, por isso temos que ser cautelosos na interpretação dos dados reais e nas projeções”, sublinhou a diretora-geral.
Na terceira reunião sobre a situação epidemiológica em Portugal, realizada na terça-feira no Infarmed, alguns especialistas admitiram que o pico da pandemia da covid-19 em Portugal pode ter sido atingido na última semana de março e um estudo divulgado no mesmo dia nos Estados Unidos estima que o pico do número diário de mortes tenha sido atingido em 03 de abri.
Questionada pela Lusa sobre estas posições, Graça Freitas explicou que o pico da pandemia é estimado com base na curva epidemiológica real, construída a partir dos casos confirmados, e de uma curva projetada por especialistas, que estima igualmente o número de casos não-detetados.
Segundo a diretora-geral, ambas apontam para uma aparente estabilidade e para a possibilidade de Portugal estar atualmente numa espécie de planalto.
No entanto, alertou, a curva epidemiológica do novo coronavírus é mais instável quando comparada, por exemplo, à curva da gripe e, por isso, esta estabilidade não pode justificar o alívio de algumas restrições, afirmando que isso poderia representar um novo aumento no número de novos casos.
Em Portugal, segundo o balanço feito na quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
Dos infetados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.