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Covid-19: Em busca da cura

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06-04-2020 16:12h

A Covid-19 já atingiu quase 1,3 milhões de pessoas, em todo o mundo, e mais de 70 mil mortes. Perante estes números a comunidade científica intensifica a busca por uma vacina ou um tratamento que permita controlar a doença.

Vacinas

Um grupo de investigadores da Universidade de Pittsburg diz ter uma possível vacina contra o novo coronavírus. A vacina em testes funciona como se fosse um penso rápido, não requer refrigeração e pode ser produzida em massa. O grupo de trabalho aguarda a autorização da Food and Drug Administration (FDA) para começar os ensaios clínicos.

Ainda nos Estados Unidos da América, a Moderna Therapeutics já está a desenvolver estudos clínicos para uma potencial vacina que se espera que esteja disponível no outono para ser administrada a profissionais de saúde.

A China foi um dos primeiros países a anunciar o início de um ensaio clínico de uma vacina contra a Covid-19, com um grupo de mais de 100 voluntários, entre os 18 e os 60 anos.

A Universidade de Oxford já está a recrutar voluntários para avançar com teste de uma vacina. O grupo será formado por 500 indivíduos saudáveis com idades entre os 18 e os 55 anos.

Na Austrália, a Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) fez ensaios clínicos em animais de duas potenciais vacinas. Uma delas poderá começar a fazer testes em humanos no final de Abril, principio de Maio deste ano, no entanto a vacina só chegará ao mercado dentro de 18 meses.

Ensaios Clínicos

Ainda que não exista evidência científica comprovada do seu resultado perante a Covid-19, existem alguns medicamentos usados noutras patologias que foram utilizados a título experimental em alguns países.

A hidroxicloroquina é um fármaco usado no tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, e também pode ser usado na prevenção da malária.

Um hospital de Wuhan realizou um estudo com 62 pacientes infetados, usando hidroxicloroquina (400 miligramas por dia) em metade dos pacientes. Após cinco dias de tratamento, os pacientes do grupo que recebeu hidroxicloroquina apresentavam um resultado bastante melhor relativamente à pneumonia.

No Hospital de Ovar, dois pacientes infetados de 74 e 62 anos receberam alta clínica, com dois testes negativos a Covid-19, depois de tratados com hidroxicloroquina.

Outro medicamento usado é o lopinavir/ritonavir habitualmente prescrito para pessoas com VIH/SIDA.

Na Rússia, o Departamento de Saúde da Cidade de Moscovo, publicou uma recomendação, em que os especialistas prescreveram o medicamento a pessoas infetadas que recuperam em casa.

Em Portugal, a Direção-geral da Saúde aprovou o uso de alguns antivirais no tratamento da Covid-19, medida aplaudida pela Ordem dos Médicos. O lopinavir/ritonavir pode ser associado à hidroxicloroquina em doentes com insuficiência respiratória e evidência radiológica de pneumonia.

Outro dos testes em curso, junta lopinavir/ritonavir e interferon-beta. A combinação destes medicamentos já foi testada em doentes com Mars, na Arábia Saudita, no entanto existe algum receio de usar em doentes com Covid-19, pois pode provocar danos nos tecidos se for administrado no final da doença.

Nos casos mais graves, em que os doentes estão internados nas unidades de cuidados intensivos, alguns profissionais estão a usar o remdesivir, usado no combate ao vírus do ébola. O remdesivir é um antiviral intravenoso criado por uma farmacêutica norte-americana, mas que ainda não está aprovado em nenhum país. Os testes em animais revelaram bons resultados contra Mers e Sars, vírus da família do SARS-CoV-2. Os testes clínicos começaram na China, tendo sido alargados a mais países do resto do mundo.

O Japão também está a usar um medicamento experimental para a gripe, o favipiravir. O país disponibiliza gratuitamente o fármaco a todos os países que queiram fazer testes para tratar a Covid-19.

Segundo a OMS, quantos mais países se juntarem aos ensaios clínicos mais depressa se conseguirão resultados sobre os medicamentos que funcionam.

Transfusões de plasma

Alguns países, como a Alemanha, a China, Espanha ou Itália estão a usar o sangue de doentes recuperados para tratar infetados, uma vez que o plasma terá anticorpos necessários para combater a doença. 

Portugal segue o mesmo caminho, com o Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) a desenvolver um ensaio clínico discutido com a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA). A medida ainda vai levar algum tempo até poder ser implementada nos hospitais nacionais.

 

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