A Human Rights Watch, organização de direitos humanos, instou hoje os governos da América Latina e do Caribe a reduzirem a “sobrelotação” de prisões e centros de detenção juvenis, para prevenir possíveis surtos do novo coronavírus.
“Um surto de coronavírus nas prisões da América Latina geraria um enorme problema de saúde pública, que afetaria não apenas os reclusos, mas também o resto da população", alerta, em comunicado, José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch (HRW) para as Américas, que exige “medidas urgentes para evitar que a pandemia se propague como um rastilho pelas prisões” da região.
“As autoridades ainda estão a tempo, mas deviam agir de imediato para evitar um desastre de saúde completamente previsível", recomendou, citado pela agência espanhola Efe.
A organização assinala que a "insalubridade e sobrelotação" existentes na maioria dos estabelecimentos prisionais dos países da América Latina e do Caribe são “as condições perfeitas” para desencadear surtos da doença, que já causou a morte a mais de 47 mil pessoas e infetou mais de 940 mil.
Durante o mês de março, registaram-se “motins” dos reclusos em protesto contra a falta de medidas de proteção e "tentativas de confinamento", indica a organização.
“Centenas de presos conseguiram fugir, registaram-se dezenas de feridos e pelo menos 40 reclusos morreram nos motins registados na Colômbia, Venezuela, Argentina, Peru e Brasil", detalhou a HRW, exigindo às autoridades que "investiguem as circunstâncias de todas essas mortes, incluindo a possibilidade do uso excessivo da força por parte de agentes das forças de segurança".
Dentro dos estabelecimentos de detenção, a covid-19 pode propagar-se rapidamente e infetar funcionários, colaboradores, advogados, visitantes e reclusos, sendo que estes, se forem libertados, são potenciais focos de contágio, alertam os ativistas.
Alguns governos da região, de Chile, Argentina e Brasil, já adotaram “medidas para permitir a prisão domiciliária ou outras alternativas ao encarceramento, para certo tipo de reclusos", lista a HRW, apelando aos restantes países que avaliem essas medidas para os reclusos que não ameaçam a segurança pública.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto do novo coronavírus espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 510 mil infetados e mais de 35 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais.
Em Portugal, já morreram 209 pessoas e contabilizam-se 9.034 casos de infeção.