O presidente do secretariado regional de Viseu da União das Misericórdias disse hoje à agência Lusa que as instituições estão a trabalhar juntamente com as autarquias para garantirem um espaço alternativo para pessoas infetadas nos lares com covid-19.
“Tem de haver uma capacidade ao nível local, de apoio, das entidades locais, que consiga fazer a separação daquilo que é positivo e daquilo que é negativo, do que é assintomático, mas pode ser positivo, de forma a dar resposta diferenciada nos diferentes casos”, defendeu José Tomás.
Esta resposta diferenciada, explicou o também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, passa pela “capacidade de instalações alternativas como, por exemplo, unidades hoteleiras ou de outro tipo de capacidade que tenha sido criada, neste momento, para se resolver” as questões relacionadas com a pandemia.
“Isto está mais ou menos a ser trabalhado ao nível dos municípios e das misericórdias e das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ao nível do distrito, o que me parece bom”, assumiu.
Uma outra medida que está a ser trabalhada por este responsável é na “garantia de proteção individual para os cuidadores de pessoas que estejam infetadas” e essa garantia “foi dada esta manhã pelo presidente da União das Misericórdias Portuguesas”, Manuel de Lemos.
“E é fundamental que haja uma reserva de ‘kits’ de proteção individual para que de facto quando sejam precisos, não falhem. Já hoje falei com o senhor presidente que me garantiu que esse equipamento está a ser tratado e que estará disponível para as emergências. E eu acredito que sim”, disse.
Aliás, este responsável defendeu que “a única forma de planear e de conseguir dar resposta, praticamente imediata, sem entrar em situações de stress, é com estas duas medidas asseguradas”.
José Tomas explicou que, “desde o primeiro instante,” as instituições “aplicaram as medidas adequadas e foram sendo adaptadas à maneira que a situação foi evoluindo” e, atualmente, “as Misericórdias estão blindadas, dentro daquilo que é possível blindar, porque as colaboradoras no final do dia vão para casa”.
“Houve casos em que optaram, porque conseguiram essa solução, por serem colaboradoras internas, ou seja, deixaram de ir para casa. É uma decisão muito difícil, porque as pessoas têm família. Foram dois ou três casos, não tem muita expressão, porque é de facto muito difícil, mas houve quem o fizesse”, adiantou.
Este responsável enalteceu as colaboradoras que, “em duas ou três instituições”, fizeram essa opção, porque considerou que, “em tempos de receios é quando se é mais carente da família” e, por isso, “abdicar, por duas semanas, do seu núcleo mais próximo que está em casa é extremamente difícil”.
No distrito de Viseu, contou José Tomás à agência Lusa, há duas instituições da Misericórdia com utentes infetados, “a de Resende, que já é bem conhecida de todos, e Mortágua, que foi registado ontem [domingo] um caso positivo na unidade de cuidados continuados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).
Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.