Os economistas da ONU pediram hoje 1,5 biliões de dólares (1,3 biliões de euros) para os países em desenvolvimento e a anulação da sua dívida em um bilião de dólares (906 mil milhões de euros).
O objetivo é ajudar aqueles países a enfrentarem o novo coronavírus.
Num novo estudo divulgado hoje, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD na sigla em inglês) sublinha que as consequências económicas da pandemia de covid-19 “são cada vez mais difíceis de prever”, sendo “claro que as coisas vão agravar-se para as economias em desenvolvimento”.
“Ainda que os enormes pacotes de estímulo aplicados permitam evitar um longo período de depressão, não impedirão (…) uma recessão da economia mundial este ano”, assinala o estudo.
Segundo os economistas da UNCTAD, os países em desenvolvimento, com a exceção provável da China e talvez da Índia, vão ser confrontados com graves dificuldades devido à pandemia que já causou pelo menos 34.600 mortos no mundo desde o aparecimento do novo coronavírus no final de dezembro na China.
As consequências desta pandemia juntamente com uma recessão mundial serão catastróficas para numerosos países em desenvolvimento, indica a UNCTAD, que calcula que estes países deverão enfrentar um défice de financiamento de dois a três biliões de dólares (1,8 a 2,7 biliões de euros) durante os dois próximos anos.
“As economias avançadas prometeram fazer o que fosse necessário para impedir as suas empresas e famílias de sofrerem grandes perdas de rendimento”, declarou o diretor encarregado da divisão de estratégias de globalização e desenvolvimento da UNCTAD, Richard Kozul-Wright, citado num comunicado.
“Mas se os dirigentes do G20 querem respeitar o seu compromisso de ‘resposta mundial num espírito de solidariedade’, têm de ser tomadas medidas (…) para os seis mil milhões de pessoas que vivem foram das economias do G20”, adiantou.
A UNCTAD pede que seja criado um plano de apoio a esses países, que inclua a “injeção” de um bilião de dólares em dinheiro, a anulação da sua dívida em um bilião de dólares este ano e a concessão de 500 mil milhões em subsídios para serviços de saúde de emergência e programas de ajuda social.
Os economistas da ONU pedem ainda o controlo do capital para “limitar a saída de capital” desses países.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727.000 pessoas em todo o mundo. Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 396.000 infetados e perto de 25.000 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos.