O presidente da Câmara de Gondomar considerou hoje "difícil de perceber" porque é que a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a equacionar uma cerca sanitária na região do Porto, quando há uma semana disse que esta "não seria eficaz".
"No dia 22 [de março] quando foi ativado o Plano de Emergência Distrital, foi-me dito que não se justificaria porque não seria eficaz. É uma decisão técnica da autoridade de saúde, mas não percebo como é que na altura não era eficaz e agora se pondera. A existir, que seja para uma região e não para um concelho em específico. Mas só pode ser implementada se ainda for eficaz", disse à agência Lusa Marco Martins.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou hoje que a medida está a ser equacionada entre as autoridades de saúde regionais, as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde "e provavelmente hoje será tomada uma decisão nesse sentido".
Na conferência de imprensa diária para fazer o ponto da situação da pandemia de covid-19 em Portugal, Graça Freitas assegurou a articulação entre as autoridades de saúde e as autoridades municipais desde logo, com a Câmara Municipal, com a Segurança Social e com a Comissão Municipal de Proteção Civil.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Gondomar, que é também presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil (CDPC) do Porto, mostrou-se surpreendido com este anúncio da DGS.
"Estou a ser informado por si e por colegas seus que me perguntam o mesmo", respondeu o autarca quando questionado pela Lusa.
Sobre desta matéria, também a Câmara do Porto disse ter sido surpreendida com o anúncio da diretora-geral da Saúde, apontando, em comunicado, que "caso a medida, inútil e extemporânea fosse tomada, tornaria impossível o funcionamento de serviços básicos da cidade, como a limpeza urbana (cuja maior parte dos trabalhadores não reside na cidade), como a recolha de resíduos (cuja LIPOR fica fora da cidade), como o abastecimento e acessos a dois hospitais centrais (Santo António e São João) estariam postos em causa".
O concelho de Gondomar aparece em sexto lugar na lista de concelhos com mais casos confirmados devido ao novo coronavírus com 276 confirmações. No quadro hoje divulgado pela DGS a cidade do Porto aparece em primeiro com 941 casos, seguindo-se Lisboa com 633.
Entre os 10 primeiros concelhos com mais casos encontram-se mais quatro localizados no Grande Porto: Vila Nova de Gaia (344), Maia (313), Matosinhos (295) e Valongo (202).
Portugal regista hoje 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).
Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.