Oitenta profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e administradores hospitalares, pediram hoje ao Governo o reforço dos meios de proteção individual, de testes e das condições de assistência aos doentes infetados pelo novo coronavírus.
“Perante a magnitude dos números” e o desenvolvimento da pandemia de Covid-19, os profissionais alertaram para a “necessidade de uma resposta coletiva e colaborativa para reforçar substancialmente” as três medidas que consideram “prioritárias”.
Numa carta aberta ao primeiro-ministro, à ministra da Saúde e à diretora geral de Saúde, os 80 subscritores da carta (entre os quais Ana Escoval, administradora do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte) pedem, para além de equipamentos de proteção individual, o aumento da “capacidade de realizar testes para diagnóstico” e a melhoria das” condições de assistência às pessoas infetadas e de proteção das pessoas mais vulneráveis, bem como para isolamento profilático dos casos suspeitos”.
Medidas que os profissionais de saúde defendem dever ser “aplicadas massivamente” em dois grupos especialmente vulneráveis: os profissionais de saúde “que, na linha da frente, prestam cuidados” e as pessoas com mais de 60 anos, “por apresentarem maior risco de complicações associadas à infeção.”
Conscientes da limitação dos recursos disponíveis no país e da” necessidade da sua racionalização”, os autores da carta defendem como justificáveis “medidas extraordinárias para reconverter setores da indústria, orientando-os para a produção de equipamentos de proteção, ventiladores e outros, bem como de gel desinfetante, testes de diagnóstico ou medicamentos”.
Para os profissionais, “é imperativa uma gestão centralizada de recursos públicos e privados que garanta, mais do que os interesses do mercado ou de determinados grupos económicos, o bem-estar coletivo e a defesa e promoção da saúde pública”.
Numa situação de exceção, como a decorrente da pandemia, são necessárias medidas de exceção para garantir “equidade no acesso aos cuidados [de saúde]”, vincam os profissionais na carta em que pedem ao Governo que acelere a concretização de medidas que, para além de serem recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e vários especialistas, “as experiências da China, Coreia do Sul, Itália, Espanha ou Irlanda mostram ser urgentes”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 119 mortes, mais 19 do que na véspera (+19%), e registaram-se 5.962 casos de infeções confirmadas, mais 792 casos em relação a sábado (+15,3%).
Dos infetados, 486 estão internados, 138 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.