A coordenadora do Bloco de Esquerda insistiu hoje que o Governo, no âmbito das medidas de combate à covid-19, tem de estender às férias da Páscoa o apoio dado ao acompanhamento dos filhos em idade escolar.
Esta posição foi transmitida por Catarina Martins através de um vídeo, em que diz estar a receber mensagens "desesperadas" de pais e de mães "que não sabem o que hão de fazer" nas férias da Páscoa, porque o apoio ao acompanhamento aos filhos está suspenso durante esse período, só existindo para quem tem crianças na creche.
"O Governo deve agir já. O Bloco propôs no parlamento que se estendesse a medida do apoio ao acompanhamento aos filhos, mas o Governo não tem de esperar pelo parlamento. O Governo tem agora de dar uma solução a estas famílias, a estas crianças. É disso que se trata: Proteger as crianças", sustenta Catarina Martins.
Nesta mensagem, a coordenadora do Bloco de Esquerda salienta depois a sua discordância em relação à tese do Governo sobre esta matéria, na qual se alega que, "como as férias da Páscoa já estavam previstas, as famílias já tinham outras soluções".
"O problema é que as outras soluções agora também não funcionam. Os ATL (Atividades de Tempos Livres) estão encerrados; os avós também não são uma possibilidade porque representam um grupo de risco que tem de ser protegido", argumenta a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Catarina Martins considera ainda que "muitos trabalhadores não podem meter férias na Páscoa e até as guardaram para o mês para agosto, altura em que os filhos também precisam de acompanhamento e não há aulas".
"E há muitas empresas que não dão acesso ao teletrabalho e muitos serviços em que o teletrabalho é impossível. O que fazer então? Deixar sozinha em casa uma criança de 4, 5, 6 anos? Impossível", responde a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Catarina Martins contesta ainda a hipotética solução de um pai ou mãe optar por faltar durante duas semanas ao trabalho, ainda que essas faltas sejam justificadas.
"Isso são menos duas semanas de salário. Há muita gente que não pode ficar duas semanas sem salário", observa a coordenadora bloquista.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.
Dos casos de infeção, pelo menos 134.700 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 119 mortes, mais 19 do que na véspera (+19%), e registaram-se 5.962 casos de infeções confirmadas, mais 792 casos em relação a sábado (+15,3%).
Dos infetados, 486 estão internados, 138 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.