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Covid-19: Coordenadores de projeto em Timor-Leste destacam clima de “segurança”

LUSA
29-03-2020 15:30h

Os 13 coordenadores do projeto que integra a maioria dos professores portugueses em Timor-Leste manifestaram hoje sentir um clima de “segurança” no país, continuando a aguardar “com serenidade” a evolução da situação da covid-19.

“No presente momento a situação em Timor-Leste é calma. Na opinião de cada de nós, enquanto coordenadores, sentimos um clima de segurança”, refere uma nota subscrita por todos os coordenadores do projeto, enviada à Lusa.

“Continuamos, em equipa, a aguardar tranquilamente o evoluir da situação e sempre confiantes nas decisões tomadas pela Coordenação Geral, pelo Governo Português e pelo Governo Timorense, que merecem toda a nossa confiança”, sublinham.

O “esclarecimento” enviado à Lusa, intitulado “em nome da verdade”, foi subscrito pelos 13 coordenadores do Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (PCAFE), um projeto lusotimorense que integra 140 docentes portugueses.

Na nota, os docentes pedem aos órgãos de comunicação social “mais cuidado na reprodução de informação incorreta e/ou parcial” e a “confirmação e validação da mesma” para assim evitarem “sobressaltar quem tem os seus a milhares de quilómetros de distância e não colocar em causa o bom nome e desempenho dos profissionais e instituições que diariamente contribuem para a cooperação entre dois estados irmãos - Portugal e Timor-Leste – num setor vital como é o da educação”.

Os coordenadores “lamentam que continuem a circular nos órgãos de comunicação social, em Portugal, notícias que nem sempre correspondem à verdade sobre a situação dos professores portugueses”.

Trata-se, referem, de “inverdades (…) sobre o estado em que se encontram os cidadãos portugueses e em particular os professores” e que têm criado “um sentimento de insegurança e de intranquilidade”.

“As famílias de muitos dos docentes foram bombardeadas em Portugal com cenários deturpados, colocando-as em sobressalto”, referem.

“Os treze coordenadores não consideram aceitável que sejam veiculadas algumas notícias que transmitam mensagens nem sempre corretas e verdadeiras”, dizem ainda.

Na última semana, alguns órgão de comunicação social portugueses têm noticiado relatos de docentes que relatam supostos incidentes envolvendo professores portugueses, sobre os quais não há registo.

Até agora, houve apenas uma participação na polícia feita por duas professoras sobre um incidente que ocorreu em Baucau, a segunda cidade.

Na sequência da apreensão manifestada por alguns docentes nessa cidade, o embaixador de Portugal em Díli ordenou que viessem para a capital timorense, mas a quase totalidade já regressou entretanto a Baucau.

No comunicado explicam que os 140 professores do projeto receberam a 19 de março uma nota informativa – depois de uma reunião na Embaixada de Portugal com os 13 coordenadores municipais e as principais responsáveis do projeto.

Essa nota dava conta da decisão de Portugal fechar as fronteiras a quase todos os voos internacionais, com exceção de alguns países e informava os professores que quem desejasse “ainda poderia viajar, por sua conta e risco”.

O documento confirma a existência de um “Plano de Contingência de Caráter Geral” que se aplica em situações de crises muito graves, com a situação a ser monitorizada pela embaixada e com “mecanismos da União Europeia que visam o repatriamento de cidadãos europeus”.

“Trata-se de um cenário limite. Caso tal aconteça serão tomadas as medidas em conformidade”, refere.

Os professores foram informados de que mesmo que decidissem viajar para Portugal seria mantida a sua situação contratual e utilizando até o bilhete pago por Timor-Leste inicialmente previsto para o seu regresso em dezembro.

Os docentes congratulam-se com a decisão dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação de Portugal “organizarem e facilitarem o regresso dos professores que assim o entendam, nos termos do regulamento consular” e pela manutenção por parte das autoridades timorenses da situação contratual, “garantindo o regresso dos professores quando a conjuntura que se vive o permitir”.

Esse repatriamento, cuja data ainda não é conhecida, está atualmente a ser organizado pelas autoridades portugueses e os docentes foram já contactados para explicarem se querem ou não ser repatriados.

Na nota, os docentes consideram injustas as críticas às autoridades e estruturas responsáveis, destacando o acompanhamento permanente por parte do Governo timorense, da Embaixada de Portugal e da Coordenação do Projeto CAFE.

“Apelamos à calma e tranquilidade. Haja esperança, serenidade e verdade”, escrevem.

Timor-Leste tem até agora um caso registado de covid-19 e está desde sábado em estado de emergência, que se prolonga por um mês, com várias medidas em vigor incluindo o fecho de todas as escolas, universidades e centros de formação.

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