A CIP – Confederação Empresarial de Portugal manifestou-se hoje “desapontada” com os resultados do Conselho Europeu realizado na quinta-feira, considerando que “ficaram muito aquém do necessário” perante a crise económica causada pela pandemia da covid-19.
Em comunicado, a CIP afirma que “os resultados do Conselho Europeu ficaram muito aquém do necessário” face ao “choque simétrico” vivido nas várias economias que requer que os líderes europeus demonstrem “capacidade de ação resoluta e coordenada, num espírito de solidariedade”.
“Em vez disso, deparamo-nos com uma declaração onde a magnitude do desastre económico é menorizado, sem vislumbre de verdadeira União”, afirma a confederação presidida por António Saraiva.
Para a CIP, apesar de a primeira prioridade ser o combate à crise de saúde causada pela covid-19, “é urgente coordenar esforços e concentrar recursos para lidar com as consequências desastrosas” a nível socioeconómico.
“A declaração conjunta dos líderes europeus demonstra que não aprendemos com os erros do passado”, considera António Saraiva, citado no comunicado.
“Precisávamos de uma demonstração de confiança, união e solidariedade que seria também fundamental para reforçar o papel e a credibilidade da União Europeia face aos cidadãos europeus”, continua o presidente da CIP.
António Saraiva criticou o facto de “certos países” manterem “uma visão limitada e individualista que trará consequências desastrosas para o crescimento, criação de emprego e para o futuro da União Europeia”.
O Conselho Europeu não chegou a um consenso sobre um instrumento comum de emissão de dívida, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, na quinta-feira.
Após a videoconferência que juntou os líderes dos 27, ficou "a discussão em aberto" sobre os chamados 'coronabonds', a emissão de dívida europeia para financiar ações em todos os países, disse o primeiro-ministro à imprensa em Lisboa após o final do Conselho Europeu extraordinário.
António Costa aludiu à carta que subscreveu, com oito outros líderes europeus, dirigida ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reclamando a implementação de um instrumento europeu comum de emissão de dívida para enfrentar a crise provocada pela covid-19, para afirmar que "dos nove [Estados-membros] que ontem [quarta-feira] defenderam" uma tal emissão, "hoje houve mais quatro que se juntaram, quatro que se opuseram abertamente e outros não tomaram posição".