O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se hoje à tarde por videoconferência com os presidentes das comunidades intermunicipais do Norte do país para "fazer um ponto de situação" e "definir prioridades" no combate à pandemia covid-19.
"Temos estado em contacto permanente com os autarcas de todo o país e hoje ao fim do dia terei uma reunião por videoconferência com todos os presidentes das comunidades intermunicipais precisamente daqui da região Norte para fazer ponto de situação, quais são as principais prioridades porque elas são múltiplas e exigem uma coordenação muito grande", disse o primeiro-ministro.
António Costa, que respondia aos jornalistas à margem de uma visita ao CEiiA - Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, em Matosinhos, referiu que "os autarcas têm tido papel excelente", mas admitiu que sente falta dos Governos Civis porque, disse, "muita falta fazem nesta situação de crise" por terem sido "uma autoridade política de proximidade que permitia coordenar transversalmente".
"Vamos reunir para ver o que podemos todos fazer melhor para responder às necessidades nos próximos dias. Em medidas extraordinárias estamos nós", respondeu António Costa quando questionado sobre o facto do Norte do país registar mais casos de infeção do que as restantes regiões do país, o que tem gerado exigências por parte de autarcas nortenhos.
No boletim divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde, lê-se que o Norte regista 2.443 casos confirmados com o novo coronavírus, num total de 33 mortes.
O Norte aparece à frente da região de Lisboa (1.110 casos e 24 mortes), da região Centro (520 casos e 18 mortes), do Algarve (99 casos, uma morte) e do Alentejo (30 casos de infeção). Já nas Ilhas: os Açores registam 24 casos e a Madeira 21.
Quanto a concelhos mais afetados, entre os primeiros 10 apenas dois deles não são do Norte, que é o caso de Lisboa que aparece em segundo lugar com 284 casos confirmados, atrás do Porto (317) e antes de Vila Nova de Gaia (262). Coimbra aparece em oitavo com 109 casos confirmados.
Juntam-se no topo a Maia (171), Gondomar (149), Ovar (145), Braga (131), Valongo (108) e Matosinhos (107).
Questionado sobre se em cima da mesa poderão estar medidas mais restritivas para alguns concelhos e se pretendia, na reunião de hoje com autarcas do Norte, discutir a eventual criação de gabinetes de crise, Costa voltou a recordar que todo o país já vive em estado de emergência.
"Vou reunir com os senhores autarcas e como é sabido todo o sistema de emergência está a ser gerido a partir da estrutura nacional da Proteção Civil, onde os senhores autarcas são aliás os responsáveis de cada município em termos de Proteção Civil, os responsáveis dos respetivos planos de Emergência, portanto os gabinetes de existem por natureza quando são acionados os planos de emergência.
O primeiro-ministro frisou, por fim, que "há uma coisa da qual ninguém se pode esquecer": "É muito importante o trabalho que se está a fazer para produzir ventiladores, mais equipamentos e reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde, mas o mais importante de tudo é cada um de nós fazer aquilo que lhe compete exclusivamente a si que é proteger-se e proteger os outros", disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).
Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.