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Covid-19: Fruticultores do Mercado Abastecedor de Lisboa têm de reinventar o negócio

27-03-2020 17:44h

Muito dependentes do setor do Turismo, as empresas de frutas e hortícolas que operam no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL) estão a “reinventar” o negócio para fazer face aos impactos da covid-19, apostando nas vendas ‘online’.

A chegada do surto da covid-19 a Portugal fez alterar algumas das rotinas no funcionamento do MARL, situado no concelho de Loures, e também das cerca de 900 empresas que ali operam.

Houve alterações de horários, reforço da limpeza e higienização e uma redistribuição dos trabalhadores, seguindo as orientações dos Planos de Contingência e da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Apesar das adversidades e da quebra nas vendas, como está a acontecer com alguns operadores de frutas e hortícolas, ouvidos pela agência Lusa, que estão muito dependentes do setor do turismo e do canal Horeca [hotéis, restaurantes e cafés], o estado de espírito é positivo e existe vontade de “reinventar”.

“Após este vírus, esta crise, o nosso negócio quebrou. Mas, neste momento estamos com a venda direta ao público, onde vamos subsistindo e criámos, também, um site da loja onde vamos potenciar a venda”, contou à Lusa o administrador da empresa Frutorbel, Jorge Silva.

O responsável referiu que houve necessidade de reajustar os trabalhadores à operação atual, sendo que alguns trabalham presencialmente, outros por teletrabalho e um terceiro grupo está de férias.

Uns metros mais à frente, situa-se o armazém da Eporifrutas, outra empresa do ramo das frutícolas e hortícolas que também sofreu uma quebra das vendas devido aos impactos negativos no turismo e na restauração.

“O impacto foi muito grande. Houve uma redução nas vendas. O desaparecimento do turismo, dos hotéis, restaurantes, cantinas, teve um impacto significativo nas nossas vendas”, apontou o proprietário da Eporifrutas, Gerardus Brands.

No entanto, o responsável ressalvou que houve um aumento nas primeiras semanas da procura deste tipo de produtos por parte das famílias e também de alguns espaços comerciais.

Relativamente às medidas de contingência adotadas para fazer face à covid-19, Gerardus Brands destacou o aumento do uso das luvas, da desinfeção do espaço e a limitação dos acessos ao armazém.

“Fechámos a porta a terceiros. Nenhum cliente ou fornecedor cá pode entrar. Por exemplo, qualquer camião de abastecimento fica o motorista na rua”, contou.

Por seu turno, o presidente do conselho de administração do MARL, Rui Paulo Figueiredo, manifestou-se confiante nas medidas que estão a ser adotadas e assegurou que “todas as empresas podem trabalhar em segurança para garantir o abastecimento necessário”.

“Não falta produto, a cadeia de abastecimento está a funcionar. Os portugueses podem estar tranquilos e manter os seus níveis de compra habituais”, sublinhou.

No entanto, Rui Paulo Figueiredo reconheceu que alguns negócios estão a ser mais afetados pelo surto, nomeadamente os que estão mais virados para o canal Horeca, mas também o setor das flores e do pescado.

“Estão a procurar reinventar-se, quer através da entrega ao domicílio quer através do comércio eletrónico”, apontou.

Relativamente às medidas de prevenção adotadas pelo MARL, o responsável destacou o alargamento dos horários, o reforço da limpeza interior e exterior, a criação de uma sala de isolamento, assim como o controle de entrada de pessoas e de trabalhadores dentro dos pavilhões.

“Nós procuramos aprender com o que se passou no dia anterior, fazemos um briefing e procuramos ir adaptando a operação não só aos desafios que temos, mas também face ao evoluir da pandemia”, atestou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).

​​​​​​​Dos infetados, 354 estão internados, 71 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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