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Covid-19: Brasil vai juntar-se a estudos da OMS sobre novo coronavírus

LUSA
27-03-2020 17:39h

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de pesquisa em saúde da América Latina, anunciou hoje que espera iniciar em breve ensaios clínicos no Brasil contra a pandemia de covid-19, numa ação global coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo lançado pela OMS investigará a eficácia de quatro tratamentos potenciais para o novo coronavírus, que ainda não foram testados, em uma dúzia de países, e comparará os resultados globalmente.

No Brasil, a Fiocruz especificou que os testes serão realizados em 18 hospitais distribuídos em 12 estados do país e o processo começará "assim que" os centros médicos receberem os medicamentos a serem testados pela OMS.

"Ao receber os medicamentos da OMS, todos os centros poderão iniciar os ensaios clínicos", disse a diretora do Instituto Nacional de Infetologia Evandro Chagas, Valdiléa Veloso, numa conferência de imprensa.

A estimativa é de que cerca de 1.030 profissionais de saúde participem nas investigações e que 1.200 pacientes sejam incluídos no estudo, que investigará a eficácia de quatro medicamentos no tratamento da covid-19, e que têm na sua fórmula a cloroquina ou hidroxicloroquina.

Sobre as duas substâncias cujo uso tem sido defendido pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no combate ao novo coronavírus, Valdiléa Veloso lembrou que ainda não há "evidências científicas" que atestem a sua eficácia.

"Recomendações para a cloroquina foram feitas em casos graves, para um grupo específico de pacientes e em situações limitadas", explicou a médica.

Também alertou os brasileiros que o uso desta medicação sem receita médica pode trazer "efeitos colaterais significativos", incluindo até "morte".

A especialista também defendeu a importância das medidas de distanciamento social e indicou que os dados observados na China e nos países da Europa mostram que "o isolamento social tem-se mostrado uma medida eficaz e necessária em todo o mundo".

Na mesma linha, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que a pandemia do novo coronavírus "chegou extremamente desigualmente" ao Brasil, devido à "combinação" de "condições sociais desfavoráveis" e a um alto índice de densidade urbana.

"A situação social do Brasil é um elemento central neste momento em que vivemos", destacou Nísia Trindade Lima.

A presidente da Fiocruz acrescentou que a instituição, vinculada ao Ministério da Saúde, trabalha com os "objetivos centrais" de "salvar vidas" e "proteger o sistema público de saúde" para evitar um colapso num momento "crítico".

"O momento é de gravidade e consciência. É um momento de mais Estado e mais sociedade", afirmou.

A presidente da Fiocruz também anunciou a construção de um novo centro hospitalar no Rio de Janeiro, que oferecerá 200 leitos para atender casos graves de infeção pelo novo coronavírus.

Segundo o subsecretário de Saúde do estado do Rio de Janeiro, Roberto Pozzan, a nova unidade médica será "uma das unidades de referência" para o tratamento e investigação da covid-19 no Brasil.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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