O padre António Martins, da Diocese da Guarda, está a colocar fotografias de fiéis nos bancos da igreja de Gonçalo para que, no domingo, possa ter a "companhia" dos paroquianos na celebração da eucaristia.
Como as manifestações religiosas com a presença de fiéis estão suspensas devido à pandemia da covid-19, o sacerdote seguiu o exemplo de outros padres e optou por "encher" a igreja da vila de Gonçalo, na Guarda, com as fotografias dos paroquianos da Comunidade Interparoquial de São João Paulo II (que também abrange as paróquias de Vela, Ramela, Benespera e Seixo Amarelo).
António Martins disse hoje à agência Lusa que a ideia "não é totalmente original" e que decidiu colocá-la em prática porque lhe custa "muito celebrar [a eucaristia] sozinho".
Com a colocação das fotografias dos paroquianos nos bancos da igreja será possível "visualizar as pessoas" e "recordar alguns lugares onde as pessoas habitualmente se sentam".
"Também tenho tido esse cuidado de procurar colocar as pessoas [fotografias] mais ou menos nos lugares onde elas se sentam para, também, estarmos, assim, em comunhão", disse.
O sacerdote referiu que as pessoas das paróquias que estão sob a sua responsabilidade sentem-se, "de alguma forma, contentes", por a sua fotografia estar na igreja.
"Sentem que é um lugar especial, é um lugar importante, é um lugar de comunhão, é um lugar de oração. Sentem também que eu rezo por elas e, de alguma forma, estão ali, está ali a sua fotografia", justificou.
O padre António Martins utilizou o Facebook para divulgar a iniciativa e desafiar os paroquianos a enviarem-lhe uma fotografia individual ou da família para as redes sociais WhatsAap e Facebook, comprometendo-se a imprimi-las e a colocá-las nos bancos da igreja de Gonçalo.
O pedido foi "muito bem" aceite e até ao momento já recebeu cerca de 150 fotografias.
António Martins acredita que no domingo terá a igreja de Gonçalo "cheia, com fotografias coladas nos bancos".
O sacerdote referiu ainda à Lusa que na quarta-feira já rezou "um bocadinho sozinho" na igreja, onde colocou as primeiras fotografias, indicando que a mesma lhe pareceu "já não tão vazia".
O responsável esclarece que não usará as imagens dos paroquianos "para mais nenhum fim" e, no final da pandemia, quando todos voltarem à igreja, "podem levá-las para casa".
Enquanto as missas estiverem suspensas, também admite transmitir algumas das suas celebrações ‘online' ou publicar alguns extratos em vídeos partilhados na internet.
"Todos vamos procurar cumprir aquilo que nos têm pedido, que é esta capacidade de nos mantermos sem contacto social, porque é importante fazê-lo para que não nos contagiemos ou não contagiemos os outros, principalmente os mais frágeis e limitados", concluiu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Em Portugal, registaram-se 60 mortes, mais 17 do que na véspera (+39,5%), e 3.544 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 549 novos casos em relação a quarta-feira (+18,3%).