O Bankinter vai disponibilizar moratórias nos créditos a famílias e empresas, com carência de capital, indicou hoje o banco.
Em comunicado, o banco de origem espanhola disse que permite, para créditos à habitação e ao consumo em situação regular (sem incumprimento), carência na amortização de capital durante seis meses, com extensão do prazo do empréstimo pelo mesmo período.
Já para as empresas, o banco indicou que vai permitir carência de amortização de capital até doze meses em operações de crédito de médio e longo prazo que estejam em situação regular, sem alteração no 'spread' e cobrança de comissões pela alteração do contrato.
O Bankinter é também um dos bancos que disponibiliza as linhas de crédito Capitalizar Covid-19, garantidas pelo Estado, para apoio à tesouraria de empresas, e informou que será possível adiantar 20% do montante de financiamento aprovado para “criação de liquidez imediata”.
O banco aprovou ainda limites de crédito no valor global de 32 milhões de euros para Pequenas e Médias Empresas (PME) e a isenção para as empresas dos custos de várias transações, como processamento de lotes de operações e serviço de depósitos remotos.
Há ainda outros custos que o Bankinter isenta, como utilização do serviço MB Way.
Para os comerciantes, suspendeu a mensalidade dos equipamentos de Terminal de Pagamento Automático (TAP) e isenta as transações de uma comissão mínima.
O banco indicou ainda que implementou medidas para facilitar a utilização dos canais à distância, como reforço de atendimento da banca telefónica e dos sistemas de comunicação e tecnológicos, e que tem adotado teletrabalho nas funções em que é possível. Foram ainda definidos novos horários nas agências.
Os bancos que operam em Portugal têm avançado com algumas medidas destinadas a empresas e famílias, para fazer face aos impactos do surto de covid-19, tendo Caixa Geral de Depósitos (CGD), Santander Totta, BPI e Crédito Agrícola admitido conceder moratórias no pagamento de créditos.
Contudo, aguarda-se um pacote mais amplo relativo ao setor financeiro, com medidas como suspensão de pagamento de créditos por famílias e empresas afetadas nos seus rendimentos por parte importante da economia estar paralisada.
Segundo informações obtidas pela Lusa, a expectativa é que esta semana fique definido em legislação as condições das moratórias de crédito (condições de acesso, período de vigência ou entidades a que se destinam).
Do lado dos bancos, estes querem perceber as implicações de concederem essas moratórias, nomeadamente nos seus rácios de crédito malparado e, logo, no capital, assim como se haverá garantias de Estado.
Na quarta-feira, a Autoridade Bancária Europeia disse que a eventual criação de legislação que suspenda o pagamento de créditos bancários não implica que esses créditos sejam classificados automaticamente como em incumprimento no balanço dos bancos, o que facilita a suspensão de empréstimos de famílias e empresas penalizadas pelo surto de covid-19.
Quanto aos bancos, consideram ainda que as linhas de crédito garantidas pelo Estado no valor total de 3.000 milhões de euros, para financiar necessidades de tesouraria e fundo de maneio de empresas, são muito pouco face ao que será necessário para sustentar a economia perante a grave crise provocada pela covid-19.
O ex-presidente do BCE Mario Draghi defendeu hoje que é urgente evitar a perda de empregos e de capacidade produtiva, pelo que os bancos devem emprestar dinheiro às empresas a custo zero com garantias estatais a esses créditos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Em Portugal, já foram registadas 60 mortes e 2.544 infeções, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras, entre os quais Portugal, o que implica a paralisação de grande parte da atividade económica com efeitos severos no rendimento das famílias e das empresas.