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Covid-19: Loja centenária de éclairs no Porto fecha fábrica e pondera reabrir lojas com 'take-away'

26-03-2020 13:39h

A Leitaria da Quinta do Paço, que vende éclairs no Porto há 100 anos, fechou a fábrica e as lojas devido ao estado de emergência nacional, mas equaciona reabrir para ‘take away’.

O grupo da Leitaria da Quinta do Paço (LQP), que tem oito lojas espalhadas por Portugal - Porto (duas), Matosinhos (duas), Lisboa, Almada, Oeiras e Braga -, e emprega mais de uma centena de pessoas, foi obrigada a encerrar as portas de todos os estabelecimentos e da fábrica, localizada em Vila Nova de Gaia, devido ao estado de emergência nacional motivado pela pandemia da covid-19.

“Neste momento estamos encerrados a manter a quarentena segundo as indicações da Direção-Geral da Saúde. Estamos também a estudar a hipótese de [reabrir com] serviço de ‘take away’”, declarou à Lusa Inês Ferreira, do grupo da Leitaria da Quinta do Paço (LQP), referindo que os empregados não foram despedidos e que a empresa está a ponderar avançar com regime de ‘lay-off’ simplificado.

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, anunciou esta semana que as empresas que forem obrigadas a encerrar devido ao estado de emergência nacional iam poder ter acesso ao ‘lay-off’ simplificado.

O grupo LQP, que celebra este ano o seu 100.º aniversário, está a estudar a hipótese de avançar com o ‘take away’ do seu ‘best-seller’, que é o éclair, uma especialidade recheada com 'chantilly' fresco. Segundo Inês Ferreira há muita procura daquele bolo especial, com muitos clientes a telefonarem e a pedir a iguaria.

Siza Vieira explicou que as empresas podem recorrer parcialmente ao ‘lay-off’, ou seja, o mecanismo pode ser aplicado apenas a um determinado número de trabalhadores numa empresa, que recebem dois terços do salário, enquanto outros podem continuar a trabalhar nas condições normais.

Os trabalhadores em ‘lay-off’ recebem dois terços da remuneração, em que 70% são pagos pela Segurança Social e 30% pela empresa.

Atualmente a maioria dos funcionários do grupo LQP estão parados, embora alguns estejam em regime de teletrabalho.

O grupo LQP registou uma faturação de quatro milhões de euros em 2018, crescendo 20 vezes em relação a 2012, ano em que a marca faturou 190 mil euros, disse à Lusa José Eduardo Costa, presidente executivo do grupo da LQP, numa entrevista em agosto de 2019 no âmbito das comemorações do centenário da loja mãe da Leitaria da Quinta do Paço.

Nascida no Porto em 1920, na Praça Guilherme Gomes Fernandes, a loja mãe da Leitaria da Quinta do Paço mantém-se há 100 anos no mesmo local com uma média de vendas diárias de 800 éclairs por dia, um valor que duplica aos sábados e domingos.

A abertura de novas lojas e a internacionalização do negócio continua a fazer parte dos planos, mas de momento está tudo em análise e aguardar que a pandemia termine.

Para este ano, o grupo LQP tinha criado um “éclair centenário” especial para “os clientes o poderem degustar” durante o ano inteiro, mas de momento está tudo em suspenso à espera que a crise passe, explicou a mesma fonte.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 do dia 19 de março, e hoje registava 60 mortes associadas à covid-19 e 3.544 casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

Quase 22 mil pessoas morreram em todo o mundo infetadas por covid-19, de acordo com um balanço feito pela Agência France Presse (AFP) a partir de dados oficiais divulgados hoje às 11:00.

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