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Covid-19: Transdev pede ao Estado que regularize 9ME para “sobreviver” e pagar salários

LUSA
25-03-2020 11:40h

O Grupo Transdev anunciou hoje quebra de 90% nas receitas devido à pandemia da covid-19, apelando ao Estado que regularize o pagamento de nove milhões de euros, para conseguir “sobreviver” e pagar cerca de 2.000 salários.

“Para reduzir o impacto desta situação nas contas da empresa e assegurar o pagamento de salários aos cerca de 2.000 trabalhadores do Grupo no próximo trimestre, a Transdev apelou ao Estado para regularizar o pagamento imediato de nove milhões de euros que tem em dívida para com a empresa”, refere o grupo, em comunicado enviado à agência Lusa.

A Transdev diz que “já solicitou ao Governo e às autoridades de transportes que procedam a esse pagamento para permitir a sobrevivência da empresa”, acrescentando que, “em tempos normais, o período de pagamento é superior a seis meses” e o que a empresa pretende “é que este prazo seja reduzido para 15 dias”.

“Para o Conselho de Administração do grupo Transdev em Portugal, está em causa a sobrevivência da empresa. Sem o pagamento das dívidas por parte das entidades públicas, não será possível garantir postos de trabalho e serviços à população”, lê-se no comunicado.

A empresa explica que as restrições à mobilidade decretadas para combater o surto de covid-19 “provocaram uma redução da atividade da Transdev, que se traduz numa quebra de receitas da ordem dos 90%”.

A título de exemplo, o Grupo refere que “a diminuição da atividade nas linhas urbanas e interurbanas chegou aos 80%, enquanto nos serviços expresso a descida é de 85%”.

“A Transdev solicitou ainda a definição de um procedimento único, a adotar por todas as autoridades de transporte, à semelhança do que se verificou na AML – Área Metropolitana de Lisboa e na AMP - Área Metropolitana do Porto, garantindo a todos os operadores, a partir do dia 16 de março, a receita recebida pela prestação de serviços de transporte público, tendo por base os valores do período homólogo do ano anterior atualizado pela TAT [Taxa de Atualização Tarifária”], defende a empresa.

A Transdev apelou também às autoridades, “com caráter de urgência”, a suspensão imediata de todos os processos de contratualização que estejam em curso, assim como [o] não lançamento de quaisquer procedimentos tendentes à contratualização das obrigações de serviço público.

“Isto porque, nesta altura, as equipas de trabalho estão consideravelmente reduzidas, estando limitada ao máximo a prestação de trabalho presencial”, justifica a empresa.

Na segunda-feira, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN) denunciou que o Grupo Transdev estava a impor a cerca de 1.500 motoristas o gozo de férias em face da diminuição dos números passageiros por causa da covid-19.

Em declarações à Lusa, o administrador Rui Silva, admitiu que a Transdev está a “incentivar” que alguns dos colaboradores gozem parte das férias nesta fase, “sempre no cumprimento da lei” e mantendo os trabalhadores, em casa, o mesmo nível remuneratório.

O administrador sublinhou que esta medida, a qual está a ser articulada com os trabalhadores, será analisada à medida que a situação vai evoluindo, sempre com o objetivo de “acautelar os postos de trabalho”.

O STRUN denunciou ainda que a Transdev está a assegurar apenas 5% das suas carreiras, havendo municípios, como Guimarães e Vizela, onde a empresa já não assegura nenhuma carreira, enquanto noutros concelhos, como Santo Tirso e Póvoa de Varzim assegura apenas um horário de manhã e outro à noite.

Rui Silva explicou que o que a empresa está a fazer é adaptar, diariamente e com equipas no terreno, “a oferta à procura”, num momento em que foi pedido às pessoas “para que fiquem em casa”, garantindo que a Transdev tem cumprido com as suas obrigações.

Há 20 anos em Portugal, a Transdev conta com cerca de 2.000 colaboradores, uma frota de mais de 1.500 viaturas e transporta 21 milhões de passageiros por ano.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito na terça-feira pela Direção-Geral da Saúde.

Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.

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