O Governo do Peru ordenou o confinamento e recolhimento dos cidadãos após as projeções indicarem que pode haver quatro milhões de infetados e 25.000 hospitalizados devido à covid-19 no país, revelou hoje o ministro da Saúde, Victor Zamora.
O ministro falava durante a conferência de imprensa diária do executivo na qual foi divulgado o aumento de cinco para sete do número de mortos e um total 416 infetados devido à pandemia da covid-19.
“Teríamos de nos preparar com todas as armas tecnológicas… Até agora, felizmente, a epidemia não tem esse comportamento", afirmou, citado pela agência Efe.
Já o Presidente do Peru, Martín Vizcarra, explicou, numa altura em que passaram nove dias desde o início do estado de emergência no país, que foram recolhidas amostras de 7.013 pessoas e que os 416 positivos confirmam que a percentagem de casos confirmados permanece na ordem dos 6% do total de amostras.
Dos casos positivos, 23 estão hospitalizados, nove dos quais permanecem nos cuidados intensivos, com ventilação auxiliar, incluindo dois com evolução favorável e quatro em “cuidados extremos”, acrescentou.
Sem novas mortes desde o último sábado, quando o Peru atingiu as cinco vitimas mortais, Martín Vizcarra confirmou a morte de mais duas pessoas, uma delas em Trujillo, no norte do país, de um homem de 38 anos com obesidade e um "historial de contacto no trabalho" com um paciente com o novo coronavírus no Canadá e de uma mulher de 66 anos que voltou de Espanha no dia 14 e apresentou insuficiência respiratória aguda, pneumonia e infeção por covid-19.
Lamentando estas mortes, Martín Vizcarra renovou o "compromisso, esforço e vontade" do seu Governo "de continuar" na luta contra a doença e realçou ainda que os resultados da quarentena confirmam que “as decisões corretas foram tomadas no momento apropriado".
Sobre os casos no norte do país, o Presidente realçou que, pela primeira vez, três casos foram detetados na região norte de Tumbes, na fronteira com o Equador, e anunciou que "será dado um olhar especial” a essa região do país onde “está a ocorrer o maior aumento de casos a seguir a Lima”, capital do país.
“Infelizmente, isto coincide com as pessoas que ignoram e não cumprem as disposições do Governo", referiu, explicando que desde o início do confinamento dos cidadãos mais de 16.000 pessoas foram presas em todo o país.
Martín Vizcarra sublinhou que em Lima, uma cidade de 10 milhões de habitantes, 528 pessoas foram detidas na segunda-feira, enquanto nas regiões norte de La Libertad e Piura houve mais de 1.150 detidos por violarem os regulamentos de segurança sanitária.
Quanto aos poderes legislativos, o governante adiantou ainda que teve na segunda-feira uma reunião com o Conselho de Estado, na qual foi acordada que, nesta quarta-feira, o Conselho de Ministros irá propor que o Congresso conceda ao executivo "poderes legislativos para agir rapidamente em questões específicas para lidar com esta doença".
"Esta é uma situação especial, é o momento de tomar decisões, porque uma decisão tardia pode levar à perda de vidas humanas", acrescentou.
O Presidente do Peru revelou ainda que foram entregues 10 milhões de soles (cerca de 2,5 milhões de euros) ao Ministério da Justiça para melhorar as condições de saúde nas prisões do país.
O ministro da Educação, Martín Benavides, destacou, por sua vez, que as escolas particulares já elaboraram um "plano de recuperação" para as aulas usando o "método de ensino à distância", através da estratégia "aprenda em casa".
O Ministro da Saúde acrescentou que nesta quarta-feira o novo hospital no distrito de Ate, em Lima, começará a ser utilizado para receber apenas pacientes graves com o novo coronavírus e que uma equipa de especialistas foi formada para recolher e analisar as informações sobre a doença em todo o mundo.
Martín Vizcarra pediu ainda a todos os peruanos que se mantenham “responsáveis”.
“Esta não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona que só vencemos se formos disciplinados e perseverantes, e é isso que pedimos à população", concluiu o chefe de Estado peruano.