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Covid-19: Portugal pode alargar testes a profissionais de saúde sem sintomas

LUSA
24-03-2020 14:49h

Portugal não está a racionar os testes à Covid-19, garantiu hoje o secretário de Estado da Saúde, admitindo testar profissionais de saúde sem sintomas, bem como outras profissões que lidam com grupos de risco.

Em conferência de imprensa no Ministério da Saúde, António Lacerda Sales declarou que “não há racionamento dos testes nem em nenhum tipo de material”.

“Estamos a testar prioritariamente os profissionais de saúde que são sintomáticos “, salientou, admitindo que se possam alargar os testes a profissionais assintomáticos “que possam ter tido contactos em cadeia com doentes Covid e pessoas que trabalham com as populações mais vulneráveis”, como “lares e residências de idosos”.

Portugal tem atualmente uma capacidade diária de fazer cerca de 4.000 testes e está a realizar “2.000, 2.300 por dia”, afirmou o governante, indicando que o país tem “180 mil testes encomendados, 80 mil dos quais deverão chegar até ao fim da semana”.

Lacerda Sales salientou que tem que haver “um critério racional” para aplicar os testes porque “não se pode fazer um rastreio populacional de 10 milhões de habitantes, não há capacidade para isso”.

“Esse critério vai ao encontro do que é a evolução e o dinamismo do próprio surto”, afirmou, acrescentando que “é evidente que se os casos começarem a aumentar e a estratificação dos grupos de risco for bem definida, temos que avançar para testagem em maior número”.

Há uma semana, por exemplo, a questão dos idosos e profissionais dos lares não se colocava, disse, mas as mortes e contágios verificados entretanto nesse tipo de instituições levam a colocar essa hipótese de testar as pessoas.

“Tudo isto terá que ser feito com suporte de evidência científica e para isso temos a Direção Geral da Saúde (DGS), em consonância com a nossa capacidade de aquisição no mercado”, indicou.

O sub-diretor geral da Saúde, Diogo Cruz, afirmou que com a nova norma emitida na segunda-feira à noite pela DGS se alarga o número de testes a fazer diariamente, aplicando-os a “todas as pessoas que exibam sintomas”, seja tosse ou febre, sem precisar de serem vários sintomas simultâneos.

“Basta ter febre ou tosse. Nós recomendamos que ao mínimo sintoma de queixas respiratórias ou febre seja feito o teste”, salientou.

Diogo Cruz acrescentou que até agora os testes eram feitos com base nos sintomas e na região geográfica de onde a pessoa em causa viesse, mas agora pode “massificar-se o teste a todos os doentes que sejam sintomáticos”.

“Permite que os clínicos, localmente, decidam quem querem testar livremente”, referiu.

Diogo Cruz ressalvou que “o grande problema” dos testes é o facto de o período de incubação ser de 14 dias.

“Neste momento, fazer o teste e estar negativo não quer dizer que amanhã a pessoa não esteja positiva, o que nos dá uma falsa sensação de segurança”, indicou.

Na orientação da DGS, dirigida a profissionais de saúde, destaca-se que “todos os casos suspeitos de infeção (…) devem ser submetidos a diagnóstico laboratorial”, a ser realizado, “preferencialmente, em laboratório hospitalar da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do SARS-CoV-2, na rede complementar de laboratórios privados ou no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”.

 O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 30 mortes, mais sete do que na véspera, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista mais 302 casos do que na segunda-feira.

Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

 

 

 

 

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