Os diretores escolares desafiaram hoje o Ministério da Economia a colocar Internet em casa dos alunos que precisam e a disponibilizar computadores às famílias carenciadas para que todos possam assistir às aulas à distância, que começaram há uma semana.
As escolas estão fechadas há mais de uma semana devido à pandemia covid-19, mas as aulas continuam com o ensino à distância. No entanto, 5% das famílias com estudantes até aos 15 anos não têm Internet em casa e um em cada cinco alunos não tem equipamentos, como computadores, que permitam fazer os trabalhos propostos pelos professores.
Este é um problema que preocupa professores, pais e o Ministério da Educação que têm apresentado medidas e sugestões para tentar combater esta desigualdade social.
Hoje, o presidente da Associação Nacional de Diretores e Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) lançou um novo desafio ao Governo.
“Desafio o Ministério da Economia e da Transição Digital a fazer jus ao nome que usa e a celebrar protocolos com as operadoras para que seja colocada Internet em casa dos alunos que não têm, e que dote os lares dos nossos estudantes de computadores”, defendeu Filinto Lima, presidente da ANDAEP, em declarações à Lusa.
Filinto LIma lembrou que “o digital não é um luxo, é uma necessidade”, e por isso dotar as casas com Internet e equipamentos é “ajudar os alunos”.
As escolas sabem bem quem são os alunos que estão excluídos, já que no início de cada ano letivo os estudantes preenchem uma ficha onde lhes é perguntado se têm Internet e computadores.
“Estamos à espera que o Ministério da Economia nos venha pedir estes números”, sublinhou Filinto Lima.
Também os professores que agora estão a ensinar à distância sabem quem são os alunos que “estão a faltar às aulas”, lembrou, reconhecendo o trabalho que tem sido desenvolvido pelo Ministério da Educação.
Entre as medidas propostas está a celebração de acordos com os CTT para servirem de intermediários entre os alunos e os professores fazendo a entrega e recolha de fichas de trabalho.
No entanto, estes alunos continuam sem conseguir aceder às aulas virtuais. Ficam excluídos do trabalho feito através da internet, lembraram os diretores escolares.
Este é um problema que também preocupa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que voltou hoje a sublinhar que as “realidades dos alunos são todas muito diferentes” e que “todas as sugestões para reduzir as desigualdades sociais são boas”.
Cerca de dois milhões de crianças e jovens, desde a creche até ao ensino superior, estão em casa com as famílias, uma das medidas do Governo para tentar conter a disseminação do novo coronavírus que já infetou mais de duas mil pessoas em Portugal.
Tal como em Portugal, milhões de alunos em todo o mundo estão neste momento em casa a ter aulas à distância.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde.
Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
Além disso, o Governo declarou dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.