O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerou que as mais de 350 vagas de várias especialidades médicas que ficaram por preencher no último concurso se deveu à “falta de atratividade” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a que a Lusa teve esta terça-feira acesso, mais de 350 vagas para médicos que terminaram a especialidade nas áreas de medicina geral e familiar, saúde pública e hospitalar ficaram por preencher no concurso de primeira época deste ano para médicos recém-especialistas, que disponibilizava 1.264 postos de trabalho.
Em comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos refere que apesar dos seus “inúmeros alertas”, o “Governo persiste em não tomar qualquer medida que torne o SNS atrativo face ao setor privado e aos restantes países onde os médicos portugueses são bem recebidos”.
Para o SIM, a degradação das condições de trabalho justifica em “grande medida a baixa atratividade do SNS face ao setor privado”.
Outro “fator relevante” para a baixa atratividade do SNS, segundo o sindicato, tem sido as baixas remunerações do Serviço Nacional de Saúde face ao setor privado, conforme alerta da Comissão Europeia e Organização Mundial de Saúde (OMS).
O sindicato adverte no comunicado, publicado no seu ‘site’, que “qualquer medida administrativa que obrigue os médicos a permanecer no SNS só agravará o problema, porquanto os problemas de fundo de baixo investimento na saúde, más condições de trabalho e piores condições remuneratórias não sejam resolvidas”.
Os dados da ACSS referem que no concurso foram preenchidas um total de 909 vagas, 305 dos quais para medicina geral familiar (das 398 abertas) e 604 para especialidades como medicina interna (111), cirurgia geral (54), psiquiatria (49), pediatria (37), anestesiologia (36), ortopedia (30), cardiologia (23), pneumologia (21), ginecologia/obstetrícia (14), oftalmologia (14), oncologia médica (14) e radiologia (14), entre outras.
Segundo os dados, foram ocupadas 77% das vagas identificadas para todas as especialidades (hospitalares, saúde pública e medicina geral e familiar).
Em todo o ano passado, das vagas identificadas (1.674) foram preenchidas 66% (1.100), no ano anterior tinham sido identificados 930 postos de trabalho e foram escolhidos 65% (607) e em 2016 tinham sido identificadas 1.531 postos de trabalho e foram preenchidos 945 (62%).
O concurso desenvolvido na 1.ª época deste ano autorizava 1.264 postos de trabalho, dos quais 398 para médicos de família.
Para os hospitais estavam previstas 853 vagas, destacando-se especialidades como a medicina interna (159 vagas), anestesiologia (59), pediatria (51), psiquiatria (56), cardiologia (35), cirurgia geral (63) ou ortopedia (37).
O concurso contemplava ainda 135 postos de trabalho com perfil específico, um mecanismo que responde às necessidades de diversas instituições.