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Covid-19: BNA pede apoio da banca angolana para encomendar já bens alimentares

LUSA
24-03-2020 13:10h

O Banco Nacional de Angola (BNA) recomendou à banca angolana que apoie desde já as encomendas dos importadores de bens alimentares, aconselhando mercados com moeda desvalorizada para evitar efeitos cambiais sobre o preço dos produtos.

"Os bancos devem aconselhar os seus clientes a pesquisar mercados com registos recentes de depreciação acentuada das suas moedas, reduzindo-se o efeito de transmissão da taxa de câmbio sobre o preço dos produtos alimentares aos consumidores nacionais (África do Sul, América Latina e Ásia)", recomenda o BNA num documento que sintetiza uma reunião com a Associação Angolana de Bancos realizada na passada sexta-feira.

A reunião serviu para abordar o tema da pandemia da covid-19 e medidas a adotar, com o BNA a aconselhar "alinhamento e coordenação de ações no setor, para evitar a adoção de pacotes de medidas díspares pelos bancos".

O documento, a que a Lusa teve acesso, refere igualmente que o BNA teve "interação recente com os grandes operadores" económicos, cujos indicadores apontam para um ‘stock' de alimentos importados para dois a três meses.

O BNA sugeriu o apoio da banca para iniciar "prontamente o processo de encomenda para os meses seguintes" e a manutenção de apoio aos produtores nacionais para reduzir a necessidade de recurso ao mercado externo.

Angola tem bens e produtos para abastecer o mercado durante pelo menos três meses, mas precisa de reforçar as reservas para não haver escassez, enquanto decorre a pandemia do novo coronavírus, disseram associações empresariais na semana passada.

Os operadores do setor do comércio angolano participaram em Luanda numa reunião com o ministro do Comércio para analisar a previsão de 'stock' existente para o abastecimento alimentar e elaborar um plano de contingência alimentar devido à doença covid-19.

O presidente da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (Ecodima), Raul Mateus, disse, após o encontro, que a reserva interna é bastante satisfatória para um trimestre, mas é necessário um reforço.

Além do reforço de 'stock', Raul Mateus defendeu a necessidade de se melhorar o sistema administrativo, "para facilitar algumas aquisições mais rapidamente" no sentido de não haver problemas dentro de três meses.

Questionado sobre se o país tem assegurada a cadeia de abastecimento de produtos importados, nomeadamente da China e Portugal, que lideram as exportações para Angola e estão afetados pela pandemia, o empresário referiu que o setor alimentar não parou de produzir.

Por sua vez, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defendeu uma cooperação regional maior, sobretudo com a África do Sul, que tem uma capacidade de oferta muito grande, tendo em conta a crise do novo coronavírus.

"Estamos com a crise do novo coronavírus e os mercados internacionais vão-se fechando e temos que nos virar sobremaneira para aquilo que são as relações aqui na região, particularmente África do Sul e Zâmbia, e também muito para a nossa produção interna", advogou.

Angola tem três casos confirmados de infeção com o novo coronavirus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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