SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Vendas de granito estão paradas em Vila Real e setor preocupado

19-03-2020 17:18h

A Associação dos Industriais do Granito (AIGRA) revelou hoje que as vendas no setor “estão paradas” desde segunda-feira e que apenas cerca de metade das empresas de extração se mantém a trabalhar no distrito de Vila Real.

“Desde segunda-feira que o setor comercial parou completamente. Estamos a sentir quebras enormes na faturação”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da AIGRA, Mauro Gonçalves.

Sem distribuição do produto, mantêm-se em funcionamento algumas pedreiras, onde o trabalho é feito ao ar livre e o acesso só é permitido a funcionários.

“A produção continua em alguns sítios, um desses casos é o nosso, apenas confinada à pedreira, contudo ao nível dos nossos clientes, que são da área da transformação, está quase tudo encerrado”, referiu Mauro Gonçalves, que possui a empresa em Vila Pouca de Aguiar.

No distrito de Vila Real, existem cerca de 70 empresas ligadas ao granito, desde a extração à transformação e o número de trabalhadores diretos ronda entre os 700 aos 800.

Neste momento, de acordo com a AIGRA, “metade das empresas de extração de granitos está parada, tal como cerca de 90% das fábricas de transformação”.

Segundo Mauro Gonçalves, as exportações representam à volta de 65% do mercado e um volume de negócios de 30 a 35 milhões de euros. França é o principal consumidor, seguindo-se a Alemanha e Espanha.

“Há já encomendas prontas e ninguém as vem buscar. Ninguém se arrisca a vir buscá-las. Não quero ser muito pessimista, mas muitos de nós vão entrar em incumprimento”, referiu.

Mauro Gonçalves considerou “que as linhas de crédito que foram criadas pelo Governo vão ajudar numa primeira fase”, mas, na sua opinião, “a recuperação deste setor que vinha a dar cartas vai ser complicada”.

Para já elenca dificuldades no pagamento por parte de alguns clientes e também na manutenção dos equipamentos.

“Caso avarie alguma máquina e seja necessário chamar um mecânico, eles vêm quase todos da zona do Porto e não virão tão cedo”, apontou.

“Nos últimos anos fizeram-se investimentos avultados nas pedreiras e os empresários têm os seus compromissos, nomeadamente os bancários, e estão a tentar produzir para terem produto para escoar”, referiu.

No entanto, disse que acredita que, em breve, “irá parar tudo a nível nacional”.

“Estamos com graves dificuldades, como todo o país aliás. É um setor que está muito endividado e que precisa de produzir e comercializar o mais rapidamente possível porque senão vamos entrar numa espiral que será difícil de reverter”, referiu.

Portugal regista três vítimas mortais do novo coronavírus, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), que dá conta de 785 casos confirmados.

A terceira morte, de acordo com a DGS, ocorreu na Região Centro. As duas primeiras mortes tinham sido registadas na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Os dados do boletim epidemiológico hoje divulgado, com dados até às 24:00 de quarta-feira e atualizado às 11:00 de hoje, indicam que há mais 143 casos confirmados de Covid-19 do que na quarta-feira.

MAIS NOTÍCIAS