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Covid-19: Guiné Equatorial diz que pandemia deve ser considerada estado de emergência

LUSA
18-03-2020 14:41h

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, disse hoje que a pandemia de Covid-19 deve ser considerada como um “estado de emergência”, avisando que o não cumprimento das medidas decretadas pelo Governo será entendido como “desobediência civil”.

“A situação particular da Guiné Equatorial é de grande preocupação para a população, devendo ser considerada como um estado de emergência, tendo em conta os escassos meios tecnológicos e a vulnerabilidade territorial do nosso país, o que exige que a nossa população responda com espírito cívico, de responsabilidade e solidariedade, respeitando as medidas e disposições adotadas pelo Governo”, disse Teodoro Obiang Nguema Mbasogo numa mensagem aos equato-guineenses.

Na mensagem de “alerta para o risco iminente da pandemia Covid-19”, o chefe de Estado da Guiné Equatorial afirma que “não se submeter às disposições estabelecidas pelo Governo constitui um ato de desobediência civil que põe em perigo a saúde de todo o povo da Guiné Equatorial”.

Teodoro Obiang, que governa o país há mais de 40 anos, recordou que a transmissão da doença de faz pelo contacto pessoa a pessoa e defendeu que “minimizar estar realidade pode conduzir a uma catastrófica crise humanitária de saúde nacional de dimensões imprevisíveis”.

Por isso, apelou para que todos respeitem e apliquem “escrupulosamente as normas ditadas pelo Governo para conter a expansão da doença” no país.

Obiang apontou que atualmente há 3 casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 e que 137 pessoas estão em quarentena por suspeitas de estarem infetadas, incentivando aqueles que, nos últimos 30 dias, chegaram ao país provenientes de países “potencialmente infetados” para que contactem as autoridades de saúde.

“Não seria bom que o Governo usasse medidas coercivas contra as pessoas que não cumpram estas exigências e contrariem as medidas estabelecidas para o interesse geral da Nação”, sublinhou.

Na segunda-feira, o Governo da Guiné Equatorial anunciou ter tomado várias medidas para conter a pandemia do novo coronavírus no país, incluindo a suspensão de atividades académicas e desportivas e a proibição do uso de autocarros.

Os líderes religiosos foram aconselhados a cumprir uma suspensão temporária das celebrações, tendo sido desaconselhadas todas as concentrações com mais de 10 pessoas.

O Governo ordenou aos responsáveis das companhias aéreas para colaborarem com os serviços de imigração do país e cederem a lista de passageiros que entraram na Guiné Equatorial desde 01 de fevereiro, incluindo membros do executivo e altos funcionários do Estado.

As medidas, iniciadas oficialmente no domingo, deverão prolongar-se por um período mínimo de 30 dias.

As companhias aéreas internacionais que operam na Guiné Equatorial estão limitadas a um voo por semana e os viajantes oriundos de países com registo de casos de Covid-19, sejam cidadãos nacionais ou estrangeiros, e apresentem ou não sintomas à chegada, terão de ficar em quarentena por 14 dias.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.

Os países mais afetados são a China, com 80.894 infeções diagnosticadas e 3.237 mortes, a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, o Irão, com 988 mortes (16.169 casos), a Espanha, com 491 mortes (11.178 casos) e a França com 148 mortes (6.633 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Desde a independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial, um dos maiores produtores de petróleo em África, ocupa os últimos lugares nos índices de desenvolvimento humano, com graves falhas no acesso da população a cuidados de saúde e a educação.

O país é considerado pelas organizações internacionais de direitos humanos como um dos Estados mais corruptos e repressivos do mundo, com acusações de prisões arbitrárias, tortura de opositores e denuncias de repetidas fraudes eleitorais.

A Guiné Equatorial aderiu à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014.

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