O candidato a Presidente da República João Cotrim Figueiredo considerou hoje que Marques Mendes “só segura metade do PSD”, estando o resto do partido consigo, e alegou que André Ventura está na corrida a Belém para “segurar eleitorado”.
“Entre um candidato que está nesta eleição, claramente, para segurar o seu eleitorado e outro que só segura metade do PSD, porque a outra metade vou buscá-la eu, foi um debate que eu acho que interessou muito pouco aos portugueses, exceto do ponto de vista cénico. E mesmo no que diz respeito à reforma da justiça, não houve uma ideia concreta em cima da mesa”, afirmou, no final de uma reunião com a Associação Académica da Universidade de Lisboa.
O candidato presidencial apoiado pela IL assinalou que o Presidente da República “não legisla, mas tem que ter ideias sobre o que é que deve fazer e, enquanto é candidato, deve ser claro em relação a essas ideias”.
“Depois, enquanto for Presidente, deve ser reservado relativamente a essa forma de intervenção, mas enquanto candidato tem a obrigação de ser claríssimo em relação às posições que tem e, concretamente, o que é que defende em relação à justiça”, defendeu.
“Quando não o faz, a mim não me surpreende que só segure metade do PSD, a outra metade vou buscar lá eu”, insistiu.
João Cotrim Figueiredo, candidato apoiado pela IL, comentava o debate de quarta-feira à noite entre Luís Marques Mendes, que conta com o apoio do PSD, e André Ventura, que é presidente do Chega, e é apoiado pelo partido.
O combate à corrupção dominou o frente a frente entre os dois candidatos presidenciais e Luís Marques Mendes anunciou que, caso seja eleito, tenciona dedicar o seu primeiro Conselho de Estado ao tema da reforma da Justiça e do combate à corrupção.
“É o meu objetivo, eu penso que é o objetivo de qualquer candidato, acabar a corrupção e ter uma justiça que funcione melhor. Isso aí é um discurso de miss mundo”, comentou hoje João Cotrim Figueiredo.
O antigo líder da IL disse duvidar que um Conselho de Estado seja a melhor maneira de o fazer.
“Eu nunca estive no Conselho de Estado, os dois debatentes de ontem estavam, portanto são o sistema ali em peso, e de facto só falaram de corrupção, o futuro não teve lugar naquela mesa”, criticou.
Na ocasião, o candidato a Belém foi também questionado sobre a notícia avançada hoje pelo JN de que o juiz Carlos Alexandre, que conduziu processos polémicos como a Operação Marquês ou o caso BES, vai presidir à Comissão de Combate a Fraude no Serviço Nacional de Saúde.
Cotrim considerou que o juiz “tem uma reputação que fala por si”.
“Fico satisfeito que haja uma iniciativa concreta com pessoas de reconhecida capacidade investigativa e de deteção das fraudes que possam, de uma vez por todas, fazer com que os recursos dos portugueses que estão investidos em número crescente no SNS não sejam desperdiçados”, afirmou.
O candidato apoiado pela IL sugeriu igualmente uma “abordagem similar” para áreas como educação ou Segurança Social, referindo que também nestes setores “se detetam também casos de fraude, de desperdício, de mal utilização dos dinheiros públicos”.
“Isso é algo que em Portugal, obviamente, tem que acabar, porque já temos falta de recursos para fazer algumas das transições que precisamos, não podemos desperdiçá-los e muito menos para fraudes”, sublinhou.
As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.
Anunciaram, entre outros, as suas candidaturas António Filipe (com o apoio do PCP), António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal), Jorge Pinto (apoiado pelo Livre) e Luís Marques Mendes (com o apoio do PSD).