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Tecnologia usada para aumentar recuperação motora de pacientes após AVC

Lusa
26-11-2025 12:02h

Um projeto liderado pela Universidade de Coimbra (UC) está a testar uma tecnologia para apoiar a reabilitação de pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), que traduz sinais cerebrais em movimento físico.

Intitulado “UpReGain”, o projeto é dirigido por um grupo de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e procura contribuir para aumentar significativamente a taxa e a qualidade da recuperação motora após um AVC.

Os primeiros ensaios estão a ser realizados com pessoas saudáveis, “mas dentro de pouco tempo” o projeto avançará para testes com pacientes que passaram por um acidente vascular cerebral, revelou hoje a FCTUC, num comunicado enviado à agência Lusa.

"Os resultados preliminares são promissores”, destacou aquela instituição de ensino superior.

Em causa está a utilização de estratégias inovadoras e personalizadas para apoiar a reabilitação destes pacientes, com uma tecnologia que traduz sinais cerebrais em movimento físico através de uma mão robótica e da realidade virtual.

Os investigadores combinaram uma interface cérebro-computador (BCI) – que estabelece uma ligação direta entre o cérebro e dispositivos externos, sem recorrer a músculos ou nervos –, um exoesqueleto de mão robótica (que oferece feedback físico e somatossensorial), e ambientes de realidade virtual com elementos de gamificação.

“Esta combinação permite que pacientes visualizem os movimentos num avatar e executem tarefas em contexto de jogo”, explicou a investigadora do ISR e coordenadora do projeto UpReGain, Aniana Cruz.

De acordo com a especialista, citada no comunicado, o objetivo principal é o uso da imaginação motora: ao imaginar abrir ou fechar a mão, o cérebro ativa as mesmas áreas motoras como se o movimento fosse realmente executado.

Esse sinal cerebral, captado por electroencefalografia (EEG), é interpretado pelo sistema e transformado em feedback visual (mão virtual), físico (mão robótica) ou em atividades gamificadas (por exemplo: agarrar objetos, espremer frutas, encher um copo).

O objetivo “é comparar abordagens distintas – imaginação motora com feedback robótico, com avatar virtual ou com jogos gamificados – e avaliar o impacto de cada uma em relação à terapia convencional”, destacou.

O projeto procura também “uma reabilitação de acordo com o perfil de cada paciente e a sua evolução clínica, combinando EEG com Eletromiografia (EMG), uma técnica que regista a atividade elétrica dos músculos, em casos de movimento residual”.

A iniciativa irá ainda avaliar a viabilidade prática da medida, nomeadamente no que diz respeito à preparação, calibração, tempo de utilização e aceitação, tanto pelos pacientes como pelos profissionais de saúde.

“O objetivo final é transferir a tecnologia BCI do laboratório para a prática clínica, contribuindo para aumentar significativamente a taxa e a qualidade da recuperação motora após um AVC”, concluiu.

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