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Província moçambicana de Sofala reforça acesso a metadona para travar consumo de droga

Lusa
13-10-2025 10:14h

A província moçambicana de Sofala vai reforçar a administração da metadona com uma nova clínica para tratamento de dependentes, depois de 35 casos de overdoses fatais naquela região do centro do país desde 2023.

“Vamos ter em breve a administração da metadona através de uma clínica nas instalações do centro de saúde da Ponta-Gêa. Queremos acreditar que as pessoas vão deixar de consumir a droga, ao ter os serviços da metadona”, disse à Lusa o diretor do Gabinete Provincial de Prevenção e Combate a Droga em Sofala, António Semente.

Segundo o responsável, também vai avançar a administração da metadona nas unidades sanitárias daquela província, com o mesmo objetivo.

Os dados avançados por António Semente indicam que overdoses mataram 13 pessoas naquela província em 2023, 14 em 2024 e oito desde janeiro até agosto deste ano.

“É importante que levemos as atividades de prevenção nesses locais e a prevenção que estamos aqui a dizer é primária, que é falar ao adolescente e jovem que nunca soube o que é consumir uma substância psicoativa para não experimentar, porque depois de experimentar pode não ter capacidade [de abandonar]”, disse.

Os dados avançados indicam que pelo menos 5.000 jovens consomem substâncias psicóticas naquela província, com as autoridades a indicarem que além de overdoses, estas estão entre as causas do aumento de gravidezes precoces e com os números de doenças sexualmente transmissíveis a disparar em Sofala.

As consequências incluem ainda ansiedade, perda de peso, problemas no coração, tremores, hepatite, ou situações de emergência como crises de convulsão ou psicose, podem gerar também enfarte e acidente vascular cerebral devido ao uso excessivo e prolongado.

Para minimizar estes impactos, o centro de reabilitação psicológica de Matadouro, posto administrativo de Inhamízua, na cidade da Beira, capital de Sofala, é uma das linhas da frente. Há 27 anos que tenta tirar jovens das drogas, desenvolvendo atividades como serralharia, agricultura entre outras para ocupá-los, contribuindo na sua reintegração social.

“No ano passado 20 adolescentes e jovens foram recuperados. Este é um processo contínuo e este ano novos jovens entraram no centro, por via disso, se conseguiu ocupá-los nas igrejas e outros serviços sociais”, avançou igualmente António Semente.

O gabinete de combate à droga defende que é necessário controlar locais de venda destes produtos, sobretudo nas escolas, referindo que estas ações estão a prejudicar o desempenho escolar de adolescentes e jovens.

“Estamos preocupados com o consumo. Temos sensibilizado jovens a não experimentar a droga porque traz consequências graves e prejudiciais à saúde. Queremos apelar que não devemos deixar os nossos filhos sem ocupação, senão poderão fazer coisas que não constroem”, acrescentou António Semente.

Segundo o gabinete, as drogas são mais vendidas na zona de madeira zinco (Pioneiros), Massamba (Esturro), Grande Hotel (Ponta-Gêa).

Só este ano, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) contabiliza naquela região 56 detidos indiciados de venda e consumo de drogas, com 18 processos-crime.

O porta-voz do Sernic em Sofala, Alfeu Sitoe, garantiu que se está a trabalhar visando tirar de circulação grupos que se dedicam ao tráfico de droga na província, pelo que apelou à colaboração da população no combate a este tipo de crime.

Em todo o ano de 2024, o Sernic deteve 199 pessoas pela venda e consumo de drogas em Sofala.

“O trabalho de combate à droga tem especialistas e são formados para entender cada detalhe. Estamos atentos para repelir qualquer ação criminal que atenta contra a nossa sociedade”, disse o porta-voz.

“Como autoridades temos feito a nossa parte, por isso, temos  detidos e apresentamos o público para mostrar que estamos a trabalhar, visando consciencializar as pessoas a não enveredar por estas práticas”, acrescentou Sitoe, garantindo que o combate ao problema vai continuar.

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