O rei britânico, Carlos III, anunciou ontem numa mensagem televisiva que o seu programa de tratamento contra o cancro poderá ser "reduzido" no próximo ano.
"Hoje posso partilhar a boa notícia de que, graças ao diagnóstico precoce, à intervenção eficaz e ao cumprimento das ordens dos médicos, o meu programa de tratamento do cancro poderá ser reduzido no novo ano", afirmou o monarca.
Nesta invulgar aparição televisiva na cadeia britânica Channel 4, Carlos III partilhou a sua experiência pessoal na luta contra a doença e assegurou que este "marco" é, ao mesmo tempo, "uma bênção pessoal e um testemunho dos notáveis avanços que se registaram na investigação sobre o cancro nos últimos anos".
Fontes próximas do monarca precisaram que Carlos III continuará a ser submetido ao tratamento para o cancro - cuja tipologia continua desconhecida -, mas, dada a sua evolução positiva, agora iniciará uma fase preventiva e reduzirá a sua periodicidade.
"Um diagnóstico precoce, simplesmente, salva vidas", sublinhou o rei, que aos 77 anos partilhou, com base na sua própria experiência, como a notícia da doença pode ser "sofocante", mas se for detetada de forma precoce é a "chave" para transformar os processos, dar um tempo incalculável às equipas médicas e esperança aos pacientes.
"Durante a minha própria jornada com o cancro, fiquei profundamente comovido com aquilo que só posso designar como a 'comunidade de cuidados' que rodeia cada paciente oncológico — os especialistas, enfermeiros, investigadores e voluntários, que trabalham incansavelmente para salvar e melhorar vidas", acrescentou Carlos III.
Neste sentido, o monarca afirmou que, durante o tratamento, também tinha conhecido um dado que o preocupava "profundamente", ou seja, que mais de nove milhões de pessoas no Reino Unido não têm em dia com os rastreios de cancro disponíveis.
"Isto são, pelo menos, nove milhões de oportunidades de diagnóstico precoce que se perdem", sublinhou.
Carlos III comentou que lhe tinha sido frequentemente transmitido que as pessoas evitam submeter-se a estes exames porque imaginam que são "assustadores, constrangedores ou incómodos".
Na sua opinião, "uns momentos de pequeno desconforto são um preço ínfimo a pagar pela certeza que depois chega à maioria das pessoas, quando lhes dizem que ou não precisam de mais exames ou lhes é oferecida a oportunidade de detetar a doença precocemente com a intervenção que pode salvar-lhes a vida".
"Neste dezembro, enquanto nos reunimos para refletir sobre o ano que passou, rezo para que todos nós pensamos, como parte das nossas resoluções de Ano Novo, participar para ajudar na deteção precoce do cancro. A tua vida, ou a vida de alguém que amas, pode depender disso", concluiu o monarca.
Esta mensagem televisiva de Carlos III, gravada no passado dia 27 de novembro na sua residência de Clarence House, faz parte da campanha 'Stand up to cancer' (Enfrentar o cancro), lançada em conjunto, no início deste mês, pela organização 'Cancer Research UK' e pela Channel 4, e coincide com o lançamento, no Reino Unido, de uma ferramenta de consulta online sobre os rastreios da doença.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, valorizou, numa publicação na rede social X, a "mensagem poderosa" do monarca e assegurou falar em nome de todo o país ao expressar a sua "alegria" por saber que o seu tratamento do cancro será reduzido no próximo ano.
O rei britânico anunciou em fevereiro de 2023 o seu diagnóstico de cancro, detetado após submeter-se a um procedimento de na próstata, o que o obrigou a interromper a sua agenda pública por alguns meses para fazer tratamento, embora atualmente o concilie com os seus compromissos oficiais com relativa normalidade.