As latitudes médias dos oceanos Pacífico Norte e Atlântico Norte, partes do oceano Índico Norte e a costa da Ásia Oriental representam os maiores riscos ecológicos devido à poluição por plástico, segundo um estudo.
Cientistas da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, publicaram a primeira avaliação global de uma das ameaças ambientais mais urgentes do planeta, a acumulação de plástico nos oceanos.
O estudo revelou que as áreas de maior risco nem sempre são "manchas de lixo" onde os plásticos se acumulam visivelmente, mas frequentemente locais onde se sobrepõem à densa vida marinha e aos poluentes.
Segundo os investigadores, isto significa que mesmo as águas com níveis relativamente baixos de plástico podem enfrentar sérias ameaças ecológicas.
O estudo, publicado na Nature Sustainability e citado na quarta-feira pela agência Europa Press, vai além da simples medição de onde se acumulam os plásticos.
Em vez disso, mapeia "pontos críticos de risco ecológico" a nível global, avaliando quatro vias principais de danos na vida marinha: ingestão, emaranhamento, transporte de poluentes tóxicos e lixiviação de produtos químicos nocivos à medida que os plásticos se decompõem.
"A poluição plástica no oceano é amplamente reconhecida como uma preocupação global, mas os riscos ecológicos que representa permanecem pouco compreendidos", destacou Yanxu Zhang, autor do estudo e professor associado de Ciências da Terra e Ambientais na Faculdade de Ciências e Engenharia de Tulane.
"Queríamos preencher esta lacuna de conhecimento avaliando sistematicamente como os plásticos interagem com a vida marinha e os ecossistemas através de múltiplas vias de risco", sublinhou.
A equipa utilizou métodos computacionais recém-desenvolvidos para avaliar o risco. Ao integrar modelos globais de plásticos oceânicos, distribuição de espécies marinhas e níveis de poluentes, criaram uma nova estrutura abrangente para avaliar as ameaças ecológicas.
As conclusões destacaram a necessidade de priorizar a limpeza e a prevenção não só em áreas com acumulação visível de plástico, mas também em regiões onde a vida marinha é mais vulnerável, apontou Zhang.
As áreas de alto risco incluem as latitudes médias dos oceanos Pacífico Norte e Atlântico Norte, partes do oceano Índico Norte e a costa da Ásia Oriental.
Águas ricas em nutrientes com vida marinha abundante aumentam o risco em alguns casos, mesmo quando os níveis de plástico não estão nos seus níveis mais elevados.
As zonas costeiras próximas de zonas de pesca movimentadas são particularmente vulneráveis aos riscos de enredamento causados pelo "petróleo fantasma", termo que se refere a equipamento de pesca abandonado na água, como redes de emalhar, armadilhas, linhas de pesca e redes de arrasto.
O estudo identificou ainda o papel dos plásticos como 'transportador' de poluentes como o neurotóxico metilmercúrio e os chamados "produtos químicos eternos" (PFOS), dois poluentes que se podem acumular nas cadeias alimentares marinhas e ameaçar a saúde humana.
Os riscos são maiores nas regiões onde os plásticos contaminados têm maior probabilidade de serem ingeridos pelos organismos marinhos.