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Mpox: Moçambique reforça vigilância fronteiriça para travar propagação

Lusa
29-07-2025 10:23h

O Governo moçambicano está a reforçar a vigilância fronteiriça, com equipas de rastreio e testagem, para travar a propagação de casos de mpox, com o país a registar atualmente 17 casos e 92 suspeitos, foi hoje anunciado.

“Não há neste momento restrição à mobilidade das pessoas e bens, o que temos estado a fazer e recomendamos - e que estamos a trabalhar em conjunto com as outras instituições - é o reforço da vigilância nas áreas transfronteiriças”, disse o diretor Nacional de Saúde Pública, em conferência de imprensa em Maputo, na qual vincou também a aposta no rastreamento comunitário como melhor método para travar a propagação.

“Infelizmente, este não é um trabalho muito fácil, como devem perceber, o nosso país tem aquelas fronteiras formais onde conseguimos colocar colegas em vigilância, mas também tem vários pontos que são usados para a entrada e saída e muitas vezes não estão sob nosso controlo e aí é um grande desafio””, acrescentou Quinhas Fernandes.

O atual surto de mpox localiza-se em Lago, província do Niassa, junto ao Malaui e à Tanzânia, com 17 casos confirmados, todos em situação estável.

Do total de 92 casos suspeitos de acordo com a atualização de hoje, Niassa lidera com 57, Tete com oito, cidade de Maputo com sete - em igual número com a província de Maputo -, Manica com quatro, Zambézia com três - o mesmo que Cabo Delgado -, Nampula com dois e Sofala com um caso.

“Todos os pacientes estão estáveis [17 positivos], eles evoluem de forma bastante satisfatória em isolamento domiciliar. Neste momento ainda não consideramos que alguns deles tenham alta hospitalar porque, em princípio, devemos fazer o seguimento deles por um período de 21 dias”, esclareceu o diretor Nacional de Saúde Pública.

Face a estes casos suspeitos e positivos, Moçambique pode avançar com a solicitação das vacinas, mas apenas se o país evoluir para um surto de contaminação em larga escala.

“O que estamos a fazer é avaliar a situação, a preparar o dossiê para uma eventual solicitação da vacina, mas como disse, a alocação de vacinas ao país irá depender da disponibilidade ao nível global e da situação epidemiológica específica do país, comparando com as outras regiões, sobretudo do continente africano”, disse o responsável.

“Em geral a vacinação em massa como a da covid-19 não é a abordagem recomendada para esta situação e, infelizmente, atualmente, o acesso a vacina a nível global ainda é limitado (…). No contexto do país e um surto bastante localizado, com cadeias bem definidas, e num contexto de escassez de vacinas, neste momento pensamos que as medidas que estão a ser comunicadas no terreno são as mais ajustadas”, concluiu o diretor nacional de Saúde Pública.

Em 24 de julho, a agência de saúde pública da União Africana (UA) alertou para a escassez de vacinas, apesar de os casos e mortes em África por mpox estarem a diminuir.

A mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. No atual surto, na África austral, desde 01 de janeiro já foram notificados 77.458 casos da doença, em 22 países, com 501 óbitos.

O primeiro caso de mpox em Moçambique aconteceu em outubro de 2022, com um doente em Maputo. O Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP), órgão da Direção Nacional de Saúde Pública, aponta a capacidade de testagem que agora existe nas províncias, com 4.000 testes disponíveis e mil para análises de reagentes para identificar estirpes de casos positivos, como a grande mudança em três anos.

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