O Governo do Japão disponibilizou hoje cerca de 57,5 mil dólares (55,4 mil euros) para o projeto de expansão e melhoria de infraestruturas dos serviços de neonatologia no Hospital Provincial de Tete, no centro de Moçambique.
O financiamento foi disponibilizado através do programa do Governo japonês de Assistência para Projetos Comunitários e Segurança Humana (Apc) e será implementado pela organização não-governamental (ONG) Médicos com África (Cuamm).
"O projeto irá proporcionar um ambiente obstétrico higiénico no hospital, aumentando o número de salas de cuidados canguru [assistência a recém-nascidos prematuros], duas camas para mulheres grávidas e duas camas para recém-nascidos", disse Taira Iwasaki, conselheiro e chefe adjunto de missão da Embaixada do Japão em Moçambique, durante a cerimónia de assinatura do acordo de financiamento, em Maputo.
Segundo o representante, o serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital "não está equipado para prestar cuidados adequados às mães pós-natais e aos recém-nascidos".
"Espera-se fortemente que este projeto melhore os serviços de saúde em Tete. Esperamos também que seja salvo o maior número de vidas de recém-nascidos", afirmou.
Segundo Giorgia Gelfi, representante nacional da Cuamm, o projeto vai benefiar anualmente cerca de 1.800 crianças.
"Se pudermos facilitar a chegada da mãe ao hospital, o número pode crescer", concluiu.
O Governo japonês, um dos principais financiadores de projetos em Moçambique, garantiu recentemente que vai manter a cooperação com o país, pedindo ao executivo moçambicano uma rápida estabilização da segurança e “diálogo” entre todas as partes, face à tensão pós-eleitoral no país.
“O Japão tenciona continuar a cooperação com Moçambique para a prosperidade dos povos de ambos os países, com base na amizade de longa data”, refere-se numa declaração do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, Kitamura Toshihiro, citado numa nota divulgada pela Embaixada nipónica em Maputo.
“O Japão espera que o novo Governo de Moçambique garanta uma situação de segurança estável o mais rapidamente possível e promova ainda mais a política democrática, promovendo diálogo entre todas as partes interessadas”, acrescenta-se, a propósito da investidura, no passado dia 15, de Daniel Chapo como quinto Presidente de Moçambique.
O processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro ficou marcado por consecutivas manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, que degeneraram em violência, saques e destruição de infraestruturas públicas e privadas, com registo de pelo menos 315 mortos e cerca de 750 pessoas baleadas.
O Japão anunciou anteriormente que vai doar mais de 50 milhões de euros para projetos em Moçambique, conforme acordos assinados em março de 2024 em Maputo, o primeiro país a implementar o novo modelo de cooperação internacional definido pelo Governo japonês.
“Esta cooperação, em que projetos em diferentes domínios são executados sob a forma de um pacote, foi apresentada na nova Carta de Cooperação para o Desenvolvimento aprovada pelo Conselho de Ministros no ano passado. Moçambique será o primeiro país onde o Governo japonês irá implementar esta nova forma de cooperação”, anunciou na altura o embaixador do Japão em Maputo, Hamada Keiji.