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Guiné-Bissau tenta pagar dívida aos técnicos de saúde e acabar com greves

Lusa
30-01-2025 18:15h

O Governo da Guiné-Bissau está a negociar o pagamento de uma dívida de 300 milhões de francos cfa (457 mil euros) aos técnicos de saúde para acabar com as greves recorrentes no setor, anunciou hoje a tutela.

O setor da saúde, junto com a educação, é dos que mais greves regista na Guiné-Bissau, justificadas pelos sindicatos com a falta de condições para prestação de serviços e salários em atraso há um ano.

O sindicato dos profissionais do principal hospital guineense, o Simão Mendes, em Bissau, tinha convocado para dezembro outra greve, perante a abertura do Governo para conversar.

O ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, disse hoje à Lusa que “o problema está a ser sanado” e concretizou que estão a decorrer negociações com os sindicatos e com parceiros financiadores para conseguir pagar os salários.

De acordo com o governante, o valor global em dívida ronda os 300 milhões de francos CFA (457 mil euros) e não abrange todos os técnicos de saúde.

A maior dívida, disse, relaciona-se com os novos ingressos, um processo que está a decorrer e, segundo garantiu, “há parceiros que estão a ajudar o Governo a colmatar essas situações”.

O ministro reconhece que o país não tem condições para ultrapassar “todas as dificuldades” e assumir todos os compromissos no setor da saúde, mas garante que “é vontade do Governo resolver os problemas”.

“Por isso recorremos aos parceiros para acabar com essas greves, pagando o que o Governo deve aos profissionais de saúde”, enfatizou.

Pedro Tipote defende que é preciso “pôr os problemas em cima da mesa por mais difíceis que pareçam”, pois “às vezes não falar acaba por complicar as coisas”.

O ministro lembrou que uma das reivindicações dos sindicatos é a melhoria do acesso à saúde, a melhoria da prestação de serviços e disse que estão a ser dados passos nesse sentido.

O sistema de saúde da Guiné-Bissau tem recebido equipamentos e donativos de parceiros internacionais e novos serviços como a Linha Saúde 24, em funcionamento há meio ano, num projeto gerido pela associação portuguesa Vida e que tem como financiados Portugal e as Nações Unidas.

O ministro falou à Lusa à margem do primeiro encontro de apresentação e balanço da linha que, acredita, “vai ajudar muito na prestação de serviços de saúde”.

“As ondas de greve devem parar, faço um apelo que [nos] sentemos à volta da mesa porque negociar não é radicalizar, negociar não é estragar tudo que temos de bom, negociar é ter paciência, ouvir e tirar o proveito possível”, apelou.

 

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