O PCP acusou hoje a Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS) de adotar medidas que têm vindo a condicionar o acesso aos cuidados na urgência e a canalizar doentes para serviços privados.
A organização regional comunista de Coimbra considera, em comunicado, que a triagem está concebida para estreitar os critérios de atendimento no Serviço de Urgências nos Hospitais da Universidade de Coimbra e encaminhar os doentes para uma consulta nos cuidados primários da sua área de residência ou num Centro de Atendimento Clínico (CAC), "que pode distar de Coimbra mais de 40 quilómetro".
"O PCP tem tomado conhecimento que, na prática, a maioria dos utentes têm sido encaminhados para os CAC. Por exemplo, se o utente recusar este encaminhamento por não ter condições para fazer a deslocação, pode-lhe ser passada alta por motivos de recusa, não lhe sendo prestado qualquer tipo de cuidados", lê-se na nota.
Na ULS de Coimbra, estão atualmente em funcionamento os CAC de Cantanhede e Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, e Avelar, no concelho de Ansião, distrito de Leiria, no âmbito de parcerias com estruturas do setor social, mais o de Coimbra, criado no serviço público.
Segundo os comunistas, a estratégia passa por colocar as “falsas urgências” como bode expiatório das elevadas afluências e dos elevados tempos de espera nos serviços de urgências, para esconder "que o verdadeiro problema está na carência de respostas de proximidade, na concentração de serviços de urgência e na falta de profissionais para assegurar o adequado funcionamento dos serviços públicos".
"O Governo insiste em não resolver os problemas estruturais, potenciando a desumanização no atendimento dos utentes, a negação do acesso aos cuidados de saúde e o direito à observação por um profissional de saúde", acusou o PCP.
De acordo com o comunicado, estas medidas pretendem justificar a opção estratégica do Governo PSD/CDS de encaminhamento de utentes para o setor privado, de forma a "desarticular e desagregar o SNS [Serviço Nacional de Saúde] para promover o negócio da doença dos grupos privados".
"A cada dia que passa é cada vez mais evidente que esta política não serve, que é necessário derrubar a política de direita e lutar por uma política alternativa que coloque a saúde como um direito e não como um negócio", sustenta o PCP.
OS comunistas defendem um investimento e reforço do SNS, "que valorize as carreiras, os salários e garanta condições de trabalho aos profissionais de saúde, que permita a sua fixação, a atribuição de médico e enfermeiro de família e o funcionamento dos serviços públicos de saúde".