SAÚDE QUE SE VÊ

Santo António trabalha com Cabo Verde em programa de transplante renal

Lusa
26-01-2025 09:02h

A Unidade Local de Saúde de Santo António (ULSSA), no Porto, está a trabalhar com Cabo Verde na implementação, no arquipélago africano, de um programa de transplante renal a partir de dador vivo, avançou hoje a médica responsável.

“O Hospital de Santo António é um dos centros de referência da transplantação renal em Portugal e a nível internacional. Esta colaboração com Cabo Verde nasceu há uns meses da necessidade de dar resposta a doentes muito jovens que estão lá em diálise e que não têm acesso ao transplante a não ser que sejam expatriados para cá ou para outro país”, explicou a nefrologista La Salete Martins.

Em declarações à Lusa, a responsável da Unidade de Transplante Renal do Santo António descreveu uma parceria que já está aprovada pelos Ministérios da Saúde quer de Cabo Verde, quer de Portugal, que se encontra em fase de formalização final, e que envolve também a Fundação Camões, a companhia aérea TAP e outros parceiros.

“Escolheram-nos como parceiros, o que muito nos honra e temos feito tudo o que podemos para estar à altura”, sublinhou.

O programa terá início com técnicas de transplantação a partir de dador vivo e não cadáver porque, como lembrou La Salete Martins, “o dador cadáver não espera”.

“Não dá tempo para os sangues andarem entre Portugal e Cabo Verde. Os testes de compatibilidade que são necessários fazer não se conseguem fazer lá (…). Já o transplante de dador vivo é programado. Os sangues vêm para cá, vê-se as compatibilidades e a cirurgia é agendada”, referiu.

Esta parceria, que começou com a ajuda de um cirurgião vascular, já aposentado da ULSSA, mas que vai a Cabo Verde em regime de prestação de serviços, o médico António Norton de Matos, já trouxe a Portugal dois nefrologistas cabo-verdianos que estiveram a fazer um estágio observacional no Porto.

Atualmente as equipas dos dois países estão a elencar o que é necessário adquirir para apetrechar os blocos operatórios de Cabo Verde, sendo que há já equipamento de bloco e equipamento cirúrgico em fase de aquisição, acrescentou a responsável portuguesa.

“A Fundação Camões tem tido um papel fundamental e até tem financiado obras no bloco operatório em Cabo Verde”, concluiu, apontando que a fase atual é de reuniões semanais ‘online’ para “acompanhar a evolução das obras no bloco, a aquisição dos equipamentos e dos medicamentos necessários, e os aspetos logísticos para, assim, tentar dar celeridade ao processo”.

Este programa incluirá ainda uma parceria com o Centro de Sangue e Transplantação do Porto, onde será feito o estudo do sangue dos pares dador/recetor para avaliar a sua compatibilidade.

O nefrologista cabo-verdiano Hélder Tavares, que dirige o centro de diálise da Praia, desde que abriu, em 2014, e que está envolvido no projeto, Cabo Verde e Portugal vão assinar um acordo durante a cimeira bilateral de terça-feira, em Lisboa, para permitir o início de transplantes renais no arquipélago.

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