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Austin não informou Congresso ou Casa Branca sobre problemas de saúde como exigido - relatório

Lusa
15-01-2025 17:56h

Um relatório do Pentágono confirmou hoje que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, não informou o Congresso ou a Casa Branca, conforme exigido, quando esteve incapacitado devido a cancro na próstata, no ano passado.

As conclusões do relatório, muito crítico, indicam que não só Austin não notificou ninguém quando esteve impossibilitado de desempenhar as suas funções, por causa dos efeitos do tratamento para o cancro, como também não o fez depois, quando complicações agravaram o seu estado de saúde e teve de se hospitalizado numa unidade de cuidados intensivos da capital.

O documento, redigido pelo inspetor-geral do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, censura Lloyd Austin pelas falhas de comunicação no início de 2024, em que manteve a sua hospitalização em segredo durante dias, mesmo para o Presidente, Joe Biden, concluindo que o seu forte desejo de privacidade terá provavelmente influenciado a decisão do seu gabinete de não inquirir pormenores sobre o seu estado de saúde.

Assinado pelo inspetor-geral Robert Storch, o relatório descreve mensagens de texto e telefonemas que evidenciam preocupação dos membros da sua equipa com a situação e com quem poderia ser dela informado, e aponta recordações contraditórias dos acontecimentos.

Mas as conclusões do relatório, reveladas apenas quatro dias antes de Austin deixar o cargo, e de o Presidente eleito, Donald Trump, tomar posse, não revelam nada de extraordinário sobre o lapso do líder do Pentágono cessante.

Austin não informou nem o Congresso nem a Casa Branca do seu tratamento inicial para cancro da próstata, em dezembro de 2023, nem informou a sua equipa ou a Casa Branca do agravamento da situação clínica a 01 de janeiro de 2024, que o levou a ser transportado de ambulância para o Centro Médico Militar Nacional do Exército Walter Reed.

“Ninguém na equipa do secretário Austin sabia da gravidade do seu estado, inclusive quando piorou e ele foi transferido para a Unidade de Cuidados Intensivos de Cirurgia (SICU), no dia seguinte”, lê-se no relatório, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

As conclusões expressas no documento refletem grande parte das críticas formuladas numa análise interna efetuada cerca de um mês depois de Austin ter sido internado no Walter Reed.

Essa análise interna, realizada pelos subordinados de Austin, absolveu em grande medida qualquer pessoa de qualquer infração devido ao secretismo que rodeou a sua hospitalização. E afirmava categoricamente que não havia “qualquer indício de má intenção ou tentativa de ofuscação”.

Apesar de ter transferido o poder de decisão para a secretária-adjunta da Defesa, Kathleen Hicks, durante a sua primeira cirurgia e depois novamente quando estava nos cuidados intensivos, Lloyd Austin não lhe disse porquê e não informou a Casa Branca.

O incidente irritou a Casa Branca e enfureceu membros do Congresso, que o convocaram ao Capitólio para uma audiência, onde enfrentou críticas dos dois partidos, Democrata e Republicano, segundo as quais alguém deveria ter sido responsabilizado.

O próprio Austin, numa longa conferência de imprensa após o regresso ao trabalho, assumiu em grande parte a culpa: disse aos jornalistas que nunca comunicou a doença à sua equipa para manter a cirurgia e a hospitalização em segredo da Casa Branca, mas reconheceu que deveria ter lidado com a questão de outra forma e pediu desculpa por ter mantido Biden e outros na ignorância.

Foi diagnosticado a Austin cancro da próstata no início de dezembro de 2023 e ele foi operado no hospital Walter Reed a 22 de dezembro. A 01 de janeiro de 2024, foi transportado de ambulância para o hospital, após sentir dores substanciais, e foi transferido para a unidade de cuidados intensivos no dia seguinte.

Os funcionários do Pentágono indicaram que os assessores de questões públicas e de defesa foram informados a 02 de janeiro que Austin tinha sido hospitalizado, mas não o divulgaram, e só informaram os chefes militares e o Conselho de Segurança Nacional a 04 de janeiro. Só então Biden tomou conhecimento. E foram necessários ainda mais quatro dias para que o motivo da hospitalização fosse revelado.

O inquérito interno atribuiu a restrições de privacidade e à hesitação do gabinete do secretário da Defesa a ausência de notificação rápida do Presidente norte-americano e de outros altos responsáveis sobre a hospitalização de Austin. E sugeriu uma série de mudanças de procedimento, para melhorar a comunicação e evitar problemas semelhantes no futuro.

As alterações incluem melhores diretrizes para a transferência de autoridades e requisitos mais claros sobre a comunicação desse tipo de incidentes. Também a Casa Branca fez alterações nas diretrizes federais, em resultado deste incidente.

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