A Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa assegurou 7,5 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para ampliar o número de camas para internamento nos dois hospitais da região, segundo fonte hospitalar.
O presidente daquela Unidade Local de Saúde (ULS), Henrique Capelas, sediada em Penafiel, disse à agência Lusa que essa verba está garantida pela tutela, observando, contudo, que corresponde a 50% do investimento a realizar, cabendo o restante à administração central, o que traduzirá uma dotação financeira de 15 milhões de euros.
Nesta fase, sinalizou, está a ser feito um estudo, encomendado pela ULS à tutela (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), para determinar como concretizar, tecnicamente, a ampliação, no conjunto dos dois hospitais da região.
“O nosso foco não é Penafiel ou Amarante, é todo este centro hospitalar”, frisou.
Em cima da mesa, contou à Lusa, está a possibilidade de serem investidos cerca de dois milhões de euros no Hospital de São Gonçalo, em Amarante, aproveitando o espaço físico disponível naquela unidade.
“Ampliar o internamento em Amarante é uma das questões que estamos a equacionar”, referiu, defendendo ser “uma boa aplicação” dos fundos se essa decisão for validada tecnicamente.
Na segunda-feira, deputados do PS eleitos pelo Porto visitaram as instalações daquele hospital. No final, disseram à Lusa terem constatado haver condições físicas para ampliar o internamento, com mais camas e profissionais de saúde. Essa solução, frisaram, ajudaria a mitigar os problemas crónicos de falta de capacidade de internamento do Hospital Padre Américo, em Penafiel, que, recentemente, com o surto de gripe, ultrapassou os 210% na taxa de ocupação da medicina interna.
O diretor clínico da ULS, na componente dos cuidados hospitalares, Nelson Pereira, explicou à Lusa que o “problema difícil” da falta de capacidade de internamento no território do Tâmega e Sousa só será resolvida com a criação de mais 200 camas.
O atual hospital de Penafiel, inaugurado em 2001, tinha sido dimensionado para servir cerca de 350 mil pessoas, o que correspondia, na altura, à população dos seis concelhos do Vale do Sousa (Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel).
Contudo, com a criação do centro hospitalar, em 2007, aquela unidade passou a servir também a população do Baixo Tâmega (cerca de 170 mil pessoas dos concelhos de Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Celorico de Basto, Resende e Baião), o que explica os problemas crónicos observados naquele hospital, onde existe a única urgência médico-cirúrgica num território com mais de meio milhão de habitantes.
O novo hospital de Amarante, inaugurado em 2013, onde foram investidos 40 milhões de euros, nunca alcançou os objetivos iniciais, como hospital de proximidade, continuando subaproveitado em diferentes valências, como têm reconhecido as sucessivas administrações, apesar dos protestos dos autarcas.
A verba agora prevista no PRR, segundo o diretor clínico, “permite planear e implementar o crescimento de camas nesta ULS para haver uma resposta robusta ao longo dos próximos dois ou três anos”.
O anteprojeto que já existe aponta, nomeadamente, para ampliação física do hospital de Penafiel, mas a decisão final ainda não está tomada.
“O que é importante é o reconhecimento público da tutela de que é uma necessidade real e que é preciso investir nesse ponto de vista”, concluiu.