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Diretor de casas de saúde mental na Madeira admite fim dos internamentos compulsivos

Lusa
14-11-2024 19:12h

O diretor clínico das casas de saúde São João de Deus e Câmara Pestana, na Madeira, admitiu hoje o fim dos internamentos compulsivos a partir de dezembro deste ano, devido ao valor pago pela diária.

“Estamos a pagar 52 euros por diária, o continente já paga 68. Vai passar, no próximo orçamento, para 75 euros”, afirmou Luís Filipe Fernandes na Assembleia Legislativa, referindo que com os valores praticados “não é possível tratar dignamente as pessoas”.

De acordo com uma informação divulgada pelo parlamento madeirense, o psiquiatra disse que, com os valores praticados, aquelas duas unidades de saúde mental não têm “capacidade de aceitar doentes compulsivos”, apontando que esta é uma competência do Ministério da Justiça.

Luís Filipe Fernandes falava na Comissão Especializada de Saúde e Proteção Civil da Assembleia Legislativa Regional, numa audição parlamentar que visa obter “esclarecimentos sobre programas de combate e dissuasão do consumo de drogas e substâncias psicoativas na Região Autónoma da Madeira”.

O diretor clínico das casas de Saúde São João de Deus e Câmara Pestana, duas instituições de referência na área da saúde mental no arquipélago, considerou que “pouco se tem feito na área da toxicodependência”, argumentando que o trabalho é feito em “várias capelinhas e ninguém sabe o que é que cada uma faz”.

“Não temos nenhuma entidade com capacidade de articular com todos os intervenientes e com capacidade de fazer projetos de colaboração, quer com o emprego, com a inclusão e a formação”, assinalou.

Além disso, acrescentou, falta à região um estudo que faça “um levantamento da saúde mental” e “reflita o que se passa com esta problemática”, de modo a aferir também se as instituições estão a agir de forma correta.

Luís Filipe Fernandes realçou ainda que criação de uma comunidade terapêutica e de albergues seria uma mais-valia e defendeu a implementação de “programas mais atuais e flexíveis”.

O médico enalteceu igualmente o trabalho feito pelo novo laboratório da Polícia Judiciária da Madeira, que desde que foi criado, há cerca de um ano e meio, identificou sete novas drogas sintéticas e contribuiu para o trabalho dos profissionais de saúde de “perceber melhor o fenómeno psicológico” das mesmas.

O psiquiatra alertou também os deputados, numa altura em que o parlamento madeirense se prepara para debater o Orçamento para 2025, para a importância de haver financiamento para as medidas projetadas nesta área.

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