A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) disse hoje que o encerramento de urgências ginecológicas, obstétricas e pediátricas no fim de semana coloca em risco a segurança e bem-estar de mulheres e crianças.
O acesso às urgências hospitalares durante este fim de semana vai estar bastante condicionado com 12 urgências encerradas hoje e 15 no domingo, segundo os dados disponíveis na sexta-feira na página oficial de Internet do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Num comunicado, a organização não governamental (ONG) expressou “profunda preocupação com os recentes e consecutivos encerramentos” de urgências ginecológicas, obstétricas e pediátricas em várias regiões do país.
“A indisponibilidade de serviços de urgência especializados é um retrocesso inaceitável na garantia de direitos fundamentais, nomeadamente o direito à saúde sexual e reprodutiva e à saúde pediátrica”, lamentou a PpDM.
Os encerramentos “revelam uma gestão deficiente dos recursos e uma falta de planeamento estratégico para responder às necessidades específicas das mulheres e das crianças” no SNS, disse a plataforma.
As paralisações forçam as mulheres grávidas e familiares a deslocarem-se longas distâncias para obter cuidados ginecológicos urgentes, interrupções voluntárias da gravidez e exames de diagnóstico, alertou a ONG.
Estas deslocações aumentam o risco de complicações graves “que poderiam e deveriam ser evitadas com uma resposta médica atempada e adequada”, sublinhou a PpDM.
A situação irá agravar ainda as desigualdades no acesso à saúde, prejudicando em particular as mulheres e as famílias em maior situação de vulnerabilidade socioeconómica, “para as quais os largos quilómetros representam um esforço também financeiro”, referiu a plataforma.
A ONG descreveu mesmo os encerramentos como “uma forma de violência institucional contra as mulheres” e sublinhou “a incoerência” com “as reiteradas manifestações públicas de preocupação para com a depressão demográfica que o país enfrenta”.
A PpDM exigiu ao Governo e às autoridades de saúde “uma resposta imediata e eficaz” para a reabertura e manutenção das urgências, nomeadamente reforçando a capacidade de resposta do SNS através da “contratação urgente de profissionais e investimento adequado”.