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Covid-19: Costa quer UE a evitar recessão e "epidemia económica" na Europa

LUSA
10-03-2020 16:36h

O primeiro-ministro português defendeu hoje a adoção de medidas pela União Europeia (UE) para travar “qualquer risco de recessão” e evitar que se junte “uma epidemia económica” à “epidemia da doença”, a Covid-19.

Para preparar o Conselho Europeu, por videoconferência, hoje à tarde, sobre as respostas a dar à situação causada pelo novo coronavírus, António Costa reuniu-se logo pela manhã com oito ministros das áreas relacionadas com a resposta ao surto da doença - Mário Centeno (Finanças), Siza Vieira (Economia), Eduardo Cabrita (Administração Interna), Marta Temido (Saúde), Tiago Brandão Rodrigues (Educação), Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação) e Nelson de Souza (Planeamento), Augusto Santos Silva (Negócios Estrangeiros, através de telefone).

O chefe do executivo falou sobre a reunião de hoje à tarde e quais as áreas em que a UE deveria ter uma resposta coordenada, a começar pelas questões de prevenção e resposta ao novo vírus, como o equipamento de proteção e as restrições aos voos de e para a Itália, um dos países europeus mais afetados.

E, no plano económico, defendeu que o Conselho deveria “concentrar-se” em medidas “a adotar para evitar os danos económicos desta epidemia” e, dessa forma, evitar o risco de se acrescentar “à epidemia da doença uma epidemia económica”.

“É essencial não agirmos tarde como em 2008 e agirmos com clareza para não termos hesitações como aconteceu na crise financeira de 2010/2011”, advertiu.

Se o Eurogrupo, presidido por Mário Centeno, já “tomou algumas medidas”, agora “é essencial estabilizar essas medidas”, quer as que podem ser adotadas pelo Banco Central Europeu quer outras, como a possibilidade de “utilização de toda a margem relativamente à flexibilidade do Pacto de Estabilidade”

Além disso, poderão ser adotadas medidas de forma a que o “investimento público possa dar um contributo decisivo à estabilização da situação económica no espaço europeu e prevenir qualquer risco de recessão”, acrescentou.

Ao nível da concorrência, António Costa afirmou que há medidas possíveis como “auxílios de Estado” a empresas que estão a sofrer os efeitos pelos do surto de Covid-19, como as transportadoras aéreas ou empresas de turismo.

Os países da União Europeia, afirmou, devem tentar atravessar esta “fase de transição” da epidemia “com o menor dano possível para a economia, o emprego e rendimentos das famílias”.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.

Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada a toda a Itália.

O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.

A China registou segunda-feira mais uma queda no número de novos casos de infeção, 19, face a 40 no dia anterior, somando agora um total de 80.754 infetados e 3.136 mortos, na China Continental.

Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.

Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.

Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

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