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Eleições: Pedro Nuno liga AD ao regresso ao passado para as mulheres e desumanidade na imigração

Lusa
28-02-2024 14:35h

O secretário-geral do PS acusou hoje a AD de representar um retrocesso social nos direitos das mulheres e falta de humanismo perante a imigração, mas assumiu problemas e tensões no Estado social na integração de trabalhadores estrangeiros.

Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos no almoço comício de Leiria, num discurso em que voltou a condenar o facto de o presidente do PSD, Luís Montenegro, ter sido esta manhã atingido com tinta verde por um ativista climático na Bolsa de Turismo de Lisboa.

“Partilhamos a preocupação climática, mas desta forma só se chama a atenção para a tinta e não para a causa”, declarou o líder socialista.

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS referiu-se ao discurso de segunda-feira à noite proferido pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que fez uma relação entre imigração e segurança, estabelecendo então neste ponto uma linha de demarcação face à direita política: “Somos humanistas e essa é uma marca distintiva de nós em relação a eles”.

“Somos um partido humanista, que respeita o outro. Os portugueses emigraram para todo o mundo, sofreram muito e estivemos sempre ao lado deles. Temos de ter respeito por quem nos procura para trabalhar e seriam vários os setores económicos nacionais que paravam sem imigração”, alegou.

O secretário-geral do PS exigiu “um combate à desinformação” sobre a imigração e salientou o contributo dos imigrantes para a Segurança Social, cerca de 1600 milhões de euros ao ano, assim como para setores produtivos nacionais com dificuldades de mão-de-obra.

“As pensões estão a ser financiadas por imigrantes. Respeito, muito respeito”, acentuou.  

A seguir, prometeu “um combate sem tréguas à imigração ilegal, ao tráfico de seres humanos e à exploração laboral” e reconheceu problemas na resposta do Estado social à integração dos trabalhadores estrangeiros (e suas famílias) no país, designadamente ao nível da educação (ensino de português) e saúde.

“Não vamos enfiar a cabeça na areia. Obviamente, há tensão e pressão sobre os serviços públicos. Falta vencer este desafio. Não estamos a fazer o suficiente. Temos de receber bem quem vem trabalhar para Portugal” completou.

O secretário-geral do PS pegou também na promessa de Luís Montenegro, segundo a qual se demite das funções de primeiro-ministro se tiver de cortar pensões. Pedro Nuno Santos realçou a expressão “se tiver” dita por Luís Montenegro.

“Mas se tiver porquê? Mas o que é isso de ter de cortar pensões? Nós já provámos que nem perante crises cortamos nas pensões”, contrapôs, dizendo que essas palavras do presidente do PSD requerem um “alerta” por parte dos eleitores.

Pedro Nuno Santos também aludiu a declarações do vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, candidato pelo círculo eleitoral de Lisboa nas listas da AD, que defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG), num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida.

O secretário-geral do PS aproveitou então para dramatizar “a importância do voto das mulheres” no PS.

“Resolvemos o problema da criminalização das mulheres, do risco para a vida que corriam antes da descriminalização da IVG. Os direitos das mulheres defendem-se no dia 10 de março. É preciso evitar o retrocesso social. Está em causa o futuro. Não queremos regressar ao passado”, declarou já na parte final da sua intervenção.

Em relação à política económica, o secretário-geral do PS voltou a fazer um dualismo em relação à AD, dizendo que o PS “pretende um choque salarial que arraste um choque de produtividade”, enquanto a direita política “quer a aventura de um choque fiscal”.

Porém, foi mais longe ao acusar Luís Montenegro de pretender “rever em baixa o acordo de rendimentos” para a administração pública, já que o presidente do PSD apenas prevê que se atinja os 1.750 euros de salário médio em 2030, em vez de 2027, tal como está previsto pelo atual Governo.

“Queremos rever esse acordo de rendimentos em alta. Sabemos que a economia portuguesa pode pagar melhores salários. Salários são a nossa prioridade”, prometeu o líder socialista neste mesmo contexto.

 

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