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Israel: Sedes do Crescente Vermelho Palestiniano e da Handicap Internacional em Gaza bombardeadas

Lusa
02-02-2024 17:07h

O exército israelita bombardeou as sedes da Handicap International (HI) e do Crescente Vermelho Palestiniano (CVP) na Faixa de Gaza, provocando um número ainda por determinar de mortos e de feridos, anunciaram hoje as duas organizações humanitárias.

Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, várias pessoas morreram e pelo menos três ficaram feridas num ataque do exército israelita contra a sede do CVP.

A organização alertou para o facto de entre as vítimas mortais se encontrar uma funcionária do CVP, identificada como Hidaya Hamad, e confirmou que o ataque atingiu sobretudo um grupo de pessoas deslocadas que se encontravam no edifício.

"A nossa colega, chefe do Departamento de Jovens e Voluntários em Gaza, foi morta durante um ataque das forças de ocupação quando se encontrava na sede do CVP em Khan Yunis. Não somos um alvo", declarou a organização numa mensagem publicada nas redes sociais.

Fontes próximas da organização não-governamental (ONG), citadas pela agência noticiosa espanhola EFE, adiantaram que os militares israelitas continuaram a abrir fogo contra o edifício, que alberga milhares de pessoas deslocadas, dificultando a transferência dos feridos para o Hospital al-Amal, também atacado no início da semana.

A organização alertou para a falta de combustível, que pode acabar "a qualquer momento", bem como para as reservas de oxigénio do hospital, segundo informações avançadas pela agência noticiosa palestiniana WAFA. 

A ONG apelou à comunidade internacional para que exerça mais pressão sobre as forças israelitas para que oxigénio, alimentos e combustível cheguem ao hospital.

Desde segunda-feira, o exército israelita tem lançado uma série de ataques em Khan Yunis e nas imediações de vários hospitais da região, à medida que prossegue a sua ofensiva terrestre no enclave palestiniano controlado pelo grupo Hamas.

Na cidade de Gaza, os escritórios da Handicap International foram destruídos na quarta-feira durante um bombardeamento israelita, indicou hoje a ONG, lamentando não ter recebido “qualquer alerta ou advertência”, apesar de as autoridades israelitas terem sido informadas sobre as coordenadas da instituição.

O edifício está “completamente destruído", lamentou a HI num comunicado, adiantando que nenhum membro da ONG se encontrava no local na altura das explosões e que desconhece se se registaram vítimas nas proximidades do prédio.

"Não foi dado qualquer alerta ou aviso, (...) embora as coordenadas do edifício tenham sido devidamente comunicadas ao sistema de notificação criado pelas Nações Unidas e pelas forças israelitas para evitar que as instalações humanitárias fossem inadvertidamente visadas", acrescentou a Handicap International.

No mesmo comunicado, a HI apelou às partes em conflito para que "assegurem a proteção dos civis e das infraestruturas civis", bem como "a prestação de ajuda humanitária rápida e sem entraves". 

"Nos últimos meses, muitos edifícios civis onde as organizações não-governamentais têm os seus escritórios, escolas e casas de civis foram destruídos. Esta é mais uma demonstração de que em nenhum lugar de Gaza a população está segura", afirmou Federico Dessi, diretor da Handicap International para o Médio Oriente, citado na nota informativa.

"Isto tem de acabar e, para isso, a única solução é um cessar-fogo imediato e duradouro”, acrescentou Dessi, que apelou também ao "fim da utilização de armas explosivas em Gaza, uma vez que têm um impacto sistemático e indiscriminado sobre os civis e ameaçam o acesso a serviços essenciais para centenas de milhares de pessoas".

A guerra entre Israel e o Hamas eclodiu a 07 de outubro, quando comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza levaram a cabo um ataque sem precedentes em solo israelita, matando mais de 1.160 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma nova contagem da agência noticiosa France-Presse (AFP), com base em dados oficiais israelitas.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva militar que causou mais de 27.000 mortos, a grande maioria civis, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo grupo islamita palestiniano.

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