O Governo timorense aprovou hoje a criação de uma unidade para combater o nanismo, problema que afeta quase metade das crianças em Timor-Leste, numa medida para melhorar a nutrição no país.
A unidade, que terminará no final de 2024, vai “proceder à elaboração do Plano Nacional de Combate ao Nanismo, à execução das medidas que neste se encontrem previstas e contribuir para a informação e esclarecimento da população sobre as causas e as consequências” do problema, de acordo com um comunicado.
Pretende ainda “mobilizar a população em geral para a adoção de comportamentos preventivos do nanismo, apoiar as atividades de tratamento e mitigação do problema e assegurar a coordenação dos órgãos e serviços administrativos nesta matéria e no combate à subnutrição infantil.
O decreto-lei foi apresentado pelo primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, do qual a unidade vai depender.
Na quinta-feira, uma responsável das Nações Unidas disse à Lusa que combater a subnutrição em Timor-Leste exige “vontade política clara” e um trabalho integrado do Governo, da sociedade civil e dos parceiros internacionais, apostando em soluções estruturais e que evitem programas avulso.
“Há que trabalhar em conjunto. A má nutrição não é apenas a responsabilidade da ministra da Saúde. Envolve educação, agricultura, pescas, proteção social, desenvolvimento económico e social e água”, disse a secretária-geral adjunta das Nações Unidas e coordenadora do Movimento Global para a Melhoria da Nutrição (SUN Movement, em inglês), Greda Verburg, do que Timor-Leste faz parte desde 2020.
Lidar com o problema, envolve ações preventivas, trabalhar com as mães, já que “só uma mãe saudável e bem nutrida pode dar à luz um bebé saudável”, promover a amamentação e desenvolver políticas integradas de sensibilização e educação, de fortalecimento da merenda escolar e de diversificação da produção agrícola, referiu.
“Deve-se trabalhar na alimentação pré-escolar e escolar e dar atenção às mulheres. E é essencial a colaboração dentro do Governo, que deve ser muito mais ativos em coordenação do que até agora. Há um ponto focal no gabinete do primeiro-ministro e isso é muito positivo, é essencial um planeamento conjunto, mas também implementar, avançar na concretização”, notou.
Os dados demonstram a dimensão do que ainda há para fazer em Timor-Leste, onde, apesar das melhorias, a prevalência de desnutrição em mulheres e crianças continua a ser uma das mais elevadas do mundo, com nanismo a afetar 47% das crianças e quase um quarto das mulheres com idade reprodutiva a ter peso a menos.
A insegurança alimentar continua a ser um problema significativo, com metade da população considerada em situação de "insegurança alimentar” e 16% a enfrentar insegurança alimentar severa.