SAÚDE QUE SE VÊ

Migrações: Reino Unido bate novo recorde de imigrantes este ano

LUSA
24-11-2022 14:23h

O número de imigrantes no Reino Unido bateu este ano um recorde, com mais de meio milhão de pessoas a ir viver para o país, situação que Londres explica com “acontecimentos mundiais sem precedentes”.

Números hoje divulgados pelo Gabinete Nacional britânico de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) mostram que a chamada taxa de líquida de migração, que resulta da subtração dos dados de imigração e emigração de longo prazo se situou nos 504 mil novos residentes.

O valor, atualizado até junho, implica um aumento drástico face aos 173 mil imigrantes registados no ano passado.

Segundo as autoridades britânicas, o recorde deveu-se a “um período único”, em que coincidiu a retoma da mobilidade internacional após a melhoria da pandemia de covid-19, o apoio aos cidadãos ucranianos e o estabelecimento de um novo sistema de migração após a saída da União Europeia (‘Brexit’).

O crescimento do número de imigrantes deveu-se ainda, segundo o gabinete de estatísticas, a um aumento das chegadas de estudantes internacionais, que estudaram remotamente durante a pandemia.

Dos imigrantes, 39 por cento chegaram com vistos de estudante e 21% com vistos de trabalho.

“Todos estes fenómenos contribuíram para níveis altos de imigração total no longo prazo”, explicou o instituto. "Uma série de acontecimentos em todo o mundo afetaram os padrões de migração” que, "no seu conjunto, são sem precedentes", afirmou Jay Lindop, director do centro de migração internacional do ONS.

A taxa líquida de migração corresponde sobretudo a cidadãos não comunitários, já se o número de cidadãos da UE a viver no Reino Unido diminuiu (menos 51 mil pessoas) entre junho de 2021 e junho deste ano, e 45 mil britânicos também decidiram emigrar.

O recorde anterior de migração líquida foi registado em 2015, ano da grande crise migratória na Europa, chegando às 330 mil pessoas no Reino Unido.

Em paralelo, o Ministério do Interior publicou o relatório trimestral do Sistema de Registo de cidadãos da União Europeia [EU Settlement Scheme, EUSS], que contabilizou quase 6,3 milhões de candidaturas de cidadãos europeus. 

Destas, 462.930 foram feitas por portugueses, embora este valor não corresponda necessariamente ao número de pessoas porque as candidaturas podem ser repetidas por diversas razões. 

Dos 453.680 processos concluídos, 252.400 portugueses receberam um título de residência permanente, 164.640 um título provisório e 36.630 candidaturas foram recusadas ou consideradas inválidas. 

O relatório revela também que, desde o fim do prazo em 31 de junho de 2021, em média o Ministério do Interior recebeu três mil candidaturas de portugueses, que podem ser casos atrasados, recursos ou a passagem do título provisório ou permanente. 

Para além dos números da imigração legal, o ONS estima que 35.000 pessoas atravessaram ilegalmente o Canal da Mancha durante o período.

As preocupações com o impacto da imigração no país foram um dos grandes impulsionadores da votação para o Reino Unido deixar a União Europeia, em 2016.

Na altura, o então primeiro-ministro, David Cameron, queria conseguir uma taxa de migração líquida abaixo de 100 mil pessoas por ano.

O aumento da imigração voltou a fazer manchetes no Reino Unido nas últimas semanas, quando alguns líderes empresariais pediram ao Governo para facilitar as entradas de trabalhadores estrangeiros para ajudar a impulsionar o crescimento da economia.

O apelo foi rejeitado pelo primeiro-ministro, Rishi Sunak, que, na segunda-feira, defendeu a necessidade de combater a imigração ilegal no país.

O Governo, nomeadamente o primeiro-ministro e a ministra do Interior, Suella Braverman, estão sob pressão para impedir que migrantes ilegais façam viagens perigosas pelo Canal da Mancha (que separa França de Inglaterra) e pelas críticas aos centros de acolhimento sobrelotados.

No início deste mês, Londres assinou um acordo com França para intensificar esforços para impedir que os migrantes cruzem o Canal da Mancha.

Segundo o Governo britânico, entre janeiro e setembro deste ano foram detetadas 33.029 pessoas a atravessar o canal em pequenos barcos.

MAIS NOTÍCIAS