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Energia solar vai levar água potável a população remota de Moçambique

LUSA
26-10-2022 08:09h

Laura Armindo, 27 anos, enfermeira no sul de Moçambique, sabe que beber água do rio é um risco para a comunidade de Hindane.

"Traz muitas doenças", conta à Lusa, para explicar a importância do novo projeto de dessalinização que ali está instalado para produzir água potável para duas mil pessoas.

“Nós dependíamos da água do rio e com este projeto vamos reduzir consideravelmente as doenças de origem hídrica”, descreve a enfermeira, uma das residentes no distrito de Matutuine, 86 quilómetros a sul de Maputo.

O sistema, que cabe num orçamento de 73 mil euros, está instalado na Escola Primária de Hindane e é alimentado a energia solar com o apoio de um fundo da elétrica portuguesa EDP.

Deverá ser entregue às autoridades em novembro para filtrar a água captada no local, garantindo autonomia total numa área da província de Maputo que ainda não dispõe de rede elétrica.

A alternativa é "percorrer longas distâncias", porque a água é insuficiente para toda a comunidade, explicou o diretor da escola, Alúsio Mabzaia, acrescentando que os alunos serão os primeiros beneficiários.

A fundadora do projeto Esperança, que instalou o equipamento, entende que a iniciativa pode ser útil noutros pontos recônditos do país.

Numa fase preliminar, a população vai levar a água potável com recurso a bidões, "mas posteriormente vamos canalizá-la" para as habitações, declarou Olívia Tamele, fundadora do projeto Esperança.

Além da comunidade de Hidane, no distrito de Matutuine, a EDP apoia também a população de Djabula, onde dezenas de mulheres estão a ser formadas num centro de desenvolvimento comunitário em áreas como agricultura e artesanato, no âmbito de um programa da organização não-governamental Vida.

Quase todas as beneficiárias vivem na pobreza, mas hoje dão os primeiros passos em técnicas para criação de pequenos negócios.

No total, o grupo EDP disponibilizou 24 mil euros para reforçar as atividades em Djabula, no âmbito de um fundo que o grupo aplica anualmente em iniciativas para expandir o acesso a energia em vários países.

“Estamos em comunidades que têm pouco acesso a água, saúde e energia. Nós tentamos mitigar o impacto negativo destes problemas”, referiu Martim Salgado, diretor do gabinete de coordenação de Impacto Social do Grupo EDP, numa visita a projetos em Moçambique.

“Estamos muito satisfeitos com o impacto" junto da população, sublinhou.

No país, a elétrica portuguesa é também acionista da SolarWorks, uma empresa que se dedica à venda e instalação de painéis solares em todo o país.

Segundo a EDP, há 733 milhões de pessoas sem acesso a eletricidade no mundo, das quais 77% (568 milhões) na África subsaariana.

A empresa tem um fundo anual de um milhão de euros para projetos e parceiros, avaliados pelo mérito, para promoção de acesso à energia em países em desenvolvimento.

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